Presidente do IPO Lisboa defende regras para travar os preços dos fármacos 1364

O presidente do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, João Oliveira, revelou que os gastos dos medicamentos no Instituto têm aumentado com muita rapidez, representando um montante de um milhão de euros por semana.

Em 2016, o instituto gastou 37 milhões de euros em medicamentos, em 2017, 40 milhões e este ano vai aproximar-se dos 50 milhões de euros.

«A despesa com medicamentos tem crescido muito depressa, e não é só no instituto de oncologia, mas na oncologia particularmente, e tem sido muito difícil uma previsão feita agora é muitas vezes falseada nos meses que se seguem de uma maneira completamente imprevisível», declarou à agência “Lusa” o administrador, assegurando que tal implica o aumento de défice e dívidas.

«Existe uma noção que não tem sido contrariada de que tudo o que é novo é forçosamente muito bom e, portanto, merece ser muito caro, mas não é verdade», disse. João Oliveira, médico oncologista, defende ainda a necessidade da criação de regras para travar o preço de novos fármacos.

Segundo a sua perspetiva, «é muito importante» que «uma grande instituição, como é o Serviço Nacional de Saúde, tenha capacidade para distinguir o que é de facto uma grande inovação e uma terapêutica, que merece um preço elevado, e coisas que vão à boleia das inovações só porque apareceram na mesma altura e que não justificam uma despesa tão grande».

João Oliveira confirma ainda que há pressão por parte da indústria e também da sociedade para que os hospitais adquiram medicamentos inovadores. Segundo o administrador, urge assim a necessidade de se distinguir os fármacos fundamentais para os avanços na saúde dos portugueses, dos medicamentos com valor puramente comercial.

«Mas essa é uma distinção que precisa de know-how médico e de outras profissões e que tem que ser consignada e reconhecida» e que «não se resolve a nível de uma instituição única», disse, defendendo que terá de ser o Serviço Nacional de Saúde a «distinguir o essencial do acessório» e que, como instituição fundamental que é para o país, tem que ter estrutura para fazer essa gestão.