Primeira enciclopédia de bioética global a ser lançada em 2016 contará com especialistas dos PALOP
08-Maio-2014
Uma primeira enciclopédia de bioética global envolvendo especialistas dos países africanos de língua portuguesa será lançada em 2016, disse ontem à “Lusa” Maria do Céu Patrão Neves, membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).
A iniciativa, inserida num projeto internacional liderado pelo ex-diretor da divisão da bioética da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) Henk Ten Have, pretende apresentar uma visão universal sobre o tema.
Em declarações à “Lusa”, a eurodeputada Maria do Céu Patrão Neves disse que esta que é a primeira obra fundamental e referencial da bioética a nível mundial vai «procurar dar uma amplitude muito maior à bioética em termos temáticos e intervenções que serão dos vários continentes e, por isso, com perspetivas muito diversificadas».
O projeto de produção deste documento de dimensão mundial começou em finais de 2014, através da constituição de um conselho de especialistas internacionais e, no início deste ano, a equipa «começou a trabalhar na indicação daquilo que são as grandes temáticas a incluir nesta grande enciclopédia e também nos autores que vão escrever», acrescentou.
«Este processo já está terminado. E o convite aos vários autores já foi dirigido, o que significa que entramos agora na fase de redação das várias entradas para esta enciclopédia», assegurou Maria do Céu Patrão Neves.
O documento, que terá como editor-chefe Henk Ten Have, «é um projeto verdadeiramente abrangente que tem contributos por parte de autores de língua portuguesa, mas também de outras nacionalidades», acrescentou a conselheira do CNECV.
Em 2002, Maria do Céu Patrão Neves lançou e escreveu um primeiro projeto de bioética de língua portuguesa, mas este era restrito a encontros entre Portugal e Brasil, que se alargaram a partir de 2010 para todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.
«Creio que com este encontro e já com esta primeira sessão temos já matéria suficiente para justificar uma maior aproximação e um trabalho conjunto e enriquecedor para todos os países», afirmou, à margem da reunião da Bioética nos Países de Língua Portuguesa, que decorreu entre segunda e terça-feira em Lisboa.
Maria do Céu Patrão Neves disse esperar que esta enciclopédia no prelo «seja bem diferente» das anteriores que estão «mais profundamente dominadas por um pensamento anglo-americano e europeu, por isso, muito ocidentalizado».
«Esta enciclopédia de bioética global terá, certamente, uma pluralidade de visões muito mais ampla e mais enriquecedora. Há uma lista enorme (de nomes) de acordo com as temáticas», frisou.