O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu hoje que a política para a saúde deve estar “à frente de qualquer preocupação ideológica”, considerando uma perda de tempo a discussão entre público e privado.
“Na saúde temos vindo a procurar incrementar um princípio que nem devia ser discutido, porque chegámos a um ponto em que não vale a pena perder muito tempo: o princípio de que os cidadãos devem estar à frente de qualquer preocupação, nomeadamente de natureza ideológica. Não há ideologia quando se trata de servir o cidadão – há serviço ao cidadão”, disse Luís Montenegro, citado pela Lusa, em Caxarias, durante a inauguração de duas unidades de saúde em freguesias do concelho de Ourém, distrito de Santarém.
Em Rio de Couros e Caxarias, o primeiro-ministro encontrou “um bom exemplo” daquilo que o Governo pretende que seja “uma visão coletiva do país para resolver alguns dos problemas que temos pela frente”.
“Sinceramente, acho que perdem tempo aqueles que se distraem a discutir se isto é mais privado, menos privado, mais social, menos social, mais público, menos público… isto é o SNS, mas é sobretudo o serviço ao cidadão, não preso apenas às amarras do recurso humano que tem de estar ligado, de maneira não ultrapassável, ao setor público”, afirmou.
Luís Montenegro pegou no exemplo de Rio de Couros, onde a Unidade de Cuidados de Saúde, “seguramente das mais pequenas do país”, funciona com “uma enfermeira em permanência e um médico aposentado, que dá 20 horas do seu esforço de trabalho, ao abrigo do projeto ‘Bata Branca’”.
“A sociedade que queremos é esta: a que junta o impulso da própria sociedade, uma instituição social – a Santa Casa da Misericórdia -, os poderes públicos e junta, já agora, alguém – um médico – que já não está na vida ativa, mas que olhando para a necessidade de ter de servir as pessoas, dá disponibilidade do seu tempo, 20 horas semanais, para dar uma resposta às pessoas”.
As soluções como o projeto ‘Bata branca’ permitem, “na impossibilidade circunstancial que temos, de não ter oferta de médicos, podermos aproveitar o que há na sociedade, de capacidade instalada, para a acolher dentro do SNS e podemos dar uma resposta ao cidadão”, disse o chefe do executivo.
Reconhecendo que “a Saúde é um dossiê difícil” pela falta de profissionais, Montenegro considerou existir “a obrigação de transformar os 16,8 mil milhões de euros investidos na Saúde no Orçamento de Estado para o próximo ano em cuidados de saúde acessíveis”.
“É demasiado dinheiro para não se fazer repercutir em melhores serviços. A verba foi sucessivamente aumentando e a sensação que as pessoas têm é que o serviço foi piorando”, lamentou.