Profissionais de saúde com dúvidas sobre Hospital de Todos-os-Santos e fecho de unidades 29-Jan-2014 Profissionais de saúde apresentaram ontem, num debate na Assembleia Municipal de Lisboa sobre o futuro da Colina de Santana, dúvidas quanto aos efeitos do encerramento de hospitais da capital e a abertura do novo hospital de Todos-os-Santos. Em discussão durante quase três horas, pela segunda vez, esteve a construção do novo hospital de Todos-os-Santos e o encerramento de hospitais de Lisboa, mais do que Projeto Urbano da Colina de Santana, que prevê a conversão dos quatro hospitais da Colina de Santana (Miguel Bombarda, Capuchos, Santa Marta e São José) em espaços com valências hoteleiras, de habitação, comércio, estacionamento e lazer. No segundo debate promovido pela assembleia municipal para debater este projeto estiveram presentes diretores de instituições de ensino de saúde, profissionais de saúde, representantes dos trabalhadores e deputados municipais. A dirigente da Federação Nacional dos Médicos Pilar Vicente apontou que há uma grande parte da população lisboeta, mais envelhecida e com baixo poder económico, que necessita de hospitais próximos e que «não tem dinheiro, nem transportes, nem acessos – porque não os há» – para se deslocar ao novo hospital de Todos-os-Santos, que vai ser construído na zona oriental de Lisboa. Por sua vez, o presidente da Secção Regional Sul da Ordem dos Médicos, Jaime Mendes, criticou o fecho destes hospitais, «cujo único objetivo é a diminuição da despesa numa visão meramente economicista», e alertou para as consequências para as populações. «A população já assistiu ao encerramento dos hospitais de Arroios, do Desterro, da Maternidade Alfredo da Costa, do Miguel Bombarda e do Curry Cabral – são apetitosos espaços citadinos», disse. Da parte do público, médicos e enfermeiros criticaram as «decisões unilaterais» de governantes, questionaram a previsão da redução de custos e pediram «que o assunto seja reavaliado», citou a “Lusa”. Já deputados municipais do PS pediram um compromisso por parte do Governo para que «o fecho dos hospitais civis fique dependente da abertura do Hospital de Todos-os-Santos». Em debate esteve ainda a falta do número de camas para cuidados continuados na cidade, de estudos ou a proximidade do novo hospital ao Parque da Belavista, onde decorre o festival de música Rock in Rio. Em representação do Ministério da Saúde esteve presente o coordenador do grupo técnico para a reforma hospitalar, Jorge Penedo, que recordou que para estes hospitais civis são gastos anualmente cerca de 10 milhões de euros (quatro em manutenção e seis em rendas, uma vez que os terrenos já foram vendidos à ESTAMO). «Temos de garantir cuidados de saúde de proximidade. Não é por haver cinco hospitais que a população terá mais cuidados», disse Jorge Penedo na sua intervenção inicial. Na resposta às intervenções do público, o representante do Ministério da Saúde defendeu a «melhoria dos cuidados» em Lisboa e descreveu problemas nos hospitais da cidade. «Há doentes transferidos entre edifícios dos hospitais, que andam 50 metros de ambulância, porque não há condições para transferência entre edifícios. É isto que existe hoje em dia», indicou, criticando ainda o estado das canalizações e do sistema elétrico dos hospitais. Jorge Penedo afirmou ainda que o património arquitetónico e histórico dos hospitais será mantido «com outros usufrutos» e considerou que «enquanto não houver hospital [no Oriente] não vai haver transportes». Segundo uma notícia da “TSF”, o Governo decidiu retomar o projeto do Hospital de Todos-os-Santos, que estava suspenso para avaliação. O novo Hospital, cuja abertura foi anunciada para 2017, substitui as unidades que fecharam e que vão fechar na cidade, como os hospitais de São José, Capuchos, Santa Marta, Curry Cabral, Dona Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa. |