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Profissionais de USF mais satisfeitos mas com mais stress

11 de Maio de 2015

Uma investigação da Universidade do Minho sobre os cuidados de saúde primários revelou que os profissionais que trabalham nos novos centros de saúde, as chamadas unidades de saúde familiar (USF), existentes desde 2006, estão em geral mais satisfeitos com o trabalho, mas descrevem alguns problemas, como níveis de stress mais elevados.

Este estudo comparou as perceções de 650 profissionais, entre médicos, enfermeiros e secretários clínicos, de 40 unidades de saúde familiar (USF) e antigos centros de saúde e tinha como objetivo avaliar «se as pessoas conseguiam manter os níveis de envolvimento com o seu trabalho nas USF a longo prazo e com que consequências». E isso, explica Ana Veloso, coordenadora do estudo e professora da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, porque «uma das críticas feitas a este tipo de gestão de pessoas, com pressão para atingir objetivos, é que com o cansaço se entre no extremo oposto».

«O trabalho mostra que as USF fazem uma melhor gestão dos seus recursos», disse ao “Público”, a investigadora. Essa é a perceção dos profissionais. Dizem que são ouvidos, as decisões são tomadas em conjunto e há reconhecimento da importância dos vários profissionais, enumera. «As pessoas sentem-se mais envolvidas e gostam de ter autonomia para decidir e introduzirem inovação nos processos», disse ainda Ana.
Desde 2006, existem dois tipos de USF, as de modelo A e as de modelo B. De início todas abrem como modelo A e só depois de reunidas algumas condições podem transitar para o modelo B, que oferece ainda mais autonomia e aposta mais nos incentivos financeiros.

Nos antigos centros de saúde, foram encontrados valores de stress mais baixos. Os níveis mais elevados foram registados nas USF do tipo B. Entre profissionais também foram notadas diferenças, com os valores mais altos de stress geral a registarem-se nos enfermeiros e os mais baixos nos médicos. No caso dos enfermeiros, o stress está mais associado a problemas de conjugação da atividade com a vida familiar. Os médicos do modelo A reportam mais excesso de trabalho. A investigadora acredita que o excesso de trabalho é menos referido no modelo B não porque tenha sido reduzido, mas porque as equipas já estão mais acostumadas.