O Programa abem, que garante acesso aos medicamentos prescritos pelo médico a quem não tem capacidades financeiras, permitiu poupar ao Estado, desde 2016, 24 milhões de euros em episódios de urgência e internamentos. Os dados foram revelados esta quinta-feira (25) por Paula Dinis, presidente da Associação Dignitude, no âmbito da Conferência “Coesão Territorial e Saúde: Importância do Trabalho em Rede”.
Iniciado há sete anos, o Programa abem, promovido pela Associação Dignitude, “significa 32.702 vidas mudadas” por esta rede solidária do medicamento. “Mais do que um projeto, somos uma rede solidária de entidades referenciadoras – farmácias, doadores (empresas e individuais), voluntários, associados abem – e o seu impacto positivo apenas é alcançado devido a este trabalho sinérgico”, referiu.
Apontando o impacto do abem no Serviço Nacional de Saúde, Paula Dinis afirmou que “desde maio de 2016 a dezembro de 2022, o Programa abem poupou mais de 24 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde em custos potencialmente evitados apenas em episódios de urgência e internamentos, devido ao cumprimento das terapêuticas proporcionadas pelo programa”.
Redução do absentismo, melhoria da qualidade de vida dos beneficiários e indiretamente das suas famílias, “demonstram que o abem é um programa para todos e de todos”. Mas “o nosso trabalho ainda está longe de acabar”, referiu a presidente da Associação Dignitude. “Infelizmente, um em cada 10 portugueses continua sem conseguir aceder aos medicamentos de que precisa porque não têm dinheiro para os pagar”, continuou a responsável.
Há 1.156 “farmácias abem”
De acordo com o estudo de Avaliação de Impacto Social do Programa abem, apresentado pela diretora-executiva da Associação Dignitude, Maria João Toscano, em dezembro de 2022 o programa contava com “225 entidades referenciadoras, dispersas por todo o país, 1.156 farmácias abem, e recebido mais de 47 000 donativos”. Tinha chegado a 31.208 beneficiários, num total de 17.610 famílias. Os mais de dois milhões de embalagens de medicamentos comparticipados entregues aos beneficiários representam um investimento de 7,5 M€.
Aproximadamente 57% dos beneficiários são do sexo feminino e 43% do sexo masculino; 11% são crianças; 57% são adultos em idade ativa e 32% têm 65 ou mais anos. “Maioritariamente, os beneficiários são pessoas ativas. Portanto, estamos a falar de algo que é muito complexo, porque é um problema social relevante e que deve ser olhado numa perspetiva de darmos dignidade também a estas pessoas que, estando a trabalhar, não conseguem fazer face às suas despesas” afirmou Maria João Toscano, revelando que cada vez mais pessoas solicitam este apoio.
Olhando para as áreas de impacto externo do Programa abem – tais como o Serviço Nacional de Saúde, a Segurança Social e a coesão territorial – “os custos potencialmente evitados no âmbito do SNS assumem uma importância muito relevante”.
“Com um investimento de 7,5 M€, temos uma poupança de 24 milhões de euros em internamentos e episódios de urgência. Se calcularmos o potencial impacto na totalidade da população – um em cada 10 portugueses não tem acesso ao medicamento – teríamos um investimento de 176 milhões de euros e uma poupança de 711 M€ “, explicou ainda.
Dito de outra forma, “anualmente, por cada milhão de euros investidos no Programa abem, existe uma poupança potencial de quatro milhões de euros para o SNS”.
Em termos de coesão territorial, Maria João Toscano sublinhou que o programa “está presente em 177 dos 308 concelhos do país (57,5%), abrangendo cerca de 67,3% do total da população do país”.