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Programa monitoriza superfícies dos hospitais para reduzir casos de infeção

 


07 de agosto de 2017

Uma investigadora do Porto está a criar um programa para monitorizar mensalmente as superfícies das unidades de saúde, de forma a criar medidas preventivas para reduzir as infeções hospitalares, que diz estarem associadas a 12 mortes diárias em Portugal.

«Os pacientes, quando dão entrada no ambiente hospitalar, transportam consigo diversos agentes patogénicos», deixando a sua «pegada microbiana» impressa nas superfícies por onde passam, explicou à agência “Lusa” a investigadora do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), Manuela Oliveira, responsável pelo projeto PathoWatch.med.

Essas superfícies, frisou, constituem uma «importante rota de transmissão» entre os pacientes, o pessoal médico e o de enfermagem, bem como entre os equipamentos e os sistemas de ventilação.

Neste programa serão monitorizadas as maçanetas das portas, as cabeceiras das camas, os tabuleiros cirúrgicos, os carrinhos de apoio de consumíveis e de medicação e as cortinas de separação de camas, da Unidade de Cuidados Intensivos, do Serviço de Recobro, da Pneumologia, da Urologia e do Bloco de Cirurgia, onde a prevalência de infeção é maior.

Tendo por base os dados obtidos, serão elaborados relatórios com medidas preventivas para redução da contaminação microbiológica dessas superfícies.

Manuela Oliveira pretende ainda desenvolver uma plataforma interativa para a visualização dos resultados e das referidas medidas por parte dos hospitais, que podem, no final de um ano de monitorização, receber a “Bandeira Azul”, atestando assim a segurança da unidade hospitalar.

Em Portugal, anualmente, «cerca de 10,6% dos utentes internados adquirem uma a infeção hospitalar», situação que acarreta um custo médio 35 mil euros por doente e leva a 12 mortes por dia, número «sete vezes superior ao de vítimas de acidentes de viação»,  acrescentou a investigadora.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, muitas das medidas de prevenção e controlo da infeção são «simples e de baixo custo», como a limpeza apropriada das mãos e a aplicação correta de precauções básicas durante os procedimentos invasivos.

«No entanto, tais medidas requerem a responsabilização do pessoal médico, de enfermagem e auxiliar, sendo necessário operar algumas mudanças comportamentais», declarou Manuela Oliveira.

Manuela Oliveira apontou a identificação e quantificação dos agentes microbianos que contribuem para o aparecimento das infeções hospitalares, a melhoria dos sistemas de vigilância a nível nacional e a educação e responsabilização do pessoal médico, de enfermagem e auxiliar, como algumas das principais soluções para minimizar o problema.

O “PathoWatch.med” é apoiado pelo RESOLVE, um programa de ignição do i3S que apoia ideias na área da saúde que auxilia a transferência de conhecimento científico e tecnológico de projetos inovadores na área da saúde, que estejam em estágio inicial.

Esta conquista vai permitir que a investigadora crie, durante o mês de agosto, uma empresa de prestação de serviços, coordenada por si, para implementar o projeto.