Projeto sobre memória social e envelhecimento vence prémio MSD 57

‘Memória Social e Respetivo Substrato Neural no Envelhecimento’, do ICVS – Life and Health Sciences Research Institute, da Universidade do Minho, é o projeto vencedor da 6.ª Edição do Prémio MSD de Investigação em Saúde. Representado pelo Dr. Torcato Meira, o projeto pretende compreender, pela primeira vez, como o envelhecimento afeta a memória social e qual o papel do hipocampo nesse processo.

 A memória social, que corresponde à capacidade de reconhecer, guardar e recordar informações sobre outras pessoas, desempenha um papel fundamental nas interações sociais e na manutenção de relações interpessoais. No entanto, o impacto do envelhecimento na memória social ainda não foi estudado, representando uma lacuna significativa na compreensão dos processos cognitivos em populações idosas.

O projeto vencedor pretende, assim, colmatar esta lacuna. A hipótese central sugere, segundo comunicado, que o envelhecimento está associado a um declínio da memória social como resultado de alterações no volume e na funcionalidade do hipocampo – região cerebral essencial para a formação de memórias –, bem como de lesões na substância branca do cérebro.

Através de imagens de ressonância magnética, será possível monitorizar a atividade do hipocampo enquanto os participantes interagem com personagens virtuais, além de medir o volume do hipocampo e a carga de lesões na substância branca do cérebro.

Adicionalmente, o projeto pretende avaliar o impacto de antidepressivos na memória social, abrindo caminho para futuras intervenções terapêuticas e práticas clínicas focadas no envelhecimento saudável e na manutenção da cognição social em idosos.

Nesta edição, foram ainda distinguidos, com Menções Honrosas, os projetos ‘Rastreio do Cancro do Colo do Útero Baseado em Auto-Colheita’, representado por Maria Margarida Teixeira, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, e ‘Determinantes da Recuperação de Surtos na Esclerose Múltipla’, representado por Patrícia Faustino, da Associação de Neuroimunologia do Sistema Nervoso Central (ANISNC).

 

 Cancro do Colo do Útero e Auto-Colheita

De forma a promover maior uniformidade nos cuidados preventivos em Portugal, o projeto propõe uma alternativa, que inclui o envio de kits de autoteste para casa, além do convite para rastreio realizado por um profissional de saúde, como forma de aumentar a adesão ao rastreio do cancro do colo do útero, especialmente em regiões com barreiras de acesso.

Prevê também a disponibilização de um website, um vídeo educativo e uma linha telefónica de apoio para ajudar as mulheres durante todo o processo.

Paralelamente, pretende investigar a utilização de marcadores de metilação do DNA para uma melhor estratificação do risco de cancro, reduzindo falsos positivos e otimizando os recursos.

 

Recuperação de surtos na esclerose múltipla

Recentemente, foram desenvolvidas técnicas laboratoriais que permitem a quantificação de proteínas das células do sistema nervoso central libertadas na circulação sanguínea aquando da formação de lesões da esclerose múltipla.

Tem sido documentado um aumento dos níveis destes biomarcadores séricos (características biológicas mensuráveis que ajudam a prever, diagnosticar e tratar doenças) no momento dos surtos (períodos de instalação de sintomas novos ao longo de horas a dias) de esclerose múltipla, cuja recuperação dos mesmos pode ser completa ou incompleta, não estando completamente esclarecidos os fatores associados à magnitude da recuperação.

Este protocolo, ainda de acordo com o comunicado citado, propõe-se a ser o primeiro estudo a avaliar prospectivamente os biomarcadores séricos neurofilamento de cadeira leve e proteína glial fibrilhar ácida a analisar a relação entre as métricas de biomarcadores com a recuperação e incapacidade decorrente de surto.

Este trabalho pretende contribuir para identificar doentes com maior risco de incapacidade, orientando intervenções terapêuticas mais eficazes e personalizadas.

 

O Prémio MSD de Investigação em Saúde

Foi criado pela MSD Portugal, em 2019, com o objetivo de reconhecer e apoiar projetos inovadores desenvolvidos por equipas constituídas por Médicos Internos e Especialistas, com impacto potencial na melhoria dos cuidados de saúde no país.

Permite que instituições de prestação de cuidados de saúde ou instituições científicas sem fins lucrativos apresentem a concurso protocolos de investigação na área da saúde, inovadores e com impacto real na saúde, que desejem ver reconhecidos e apoiados na sua implementação.