O futuro do tratamento da psoríase pode passar pelas células estaminais mesenquimais. Pela sua capacidade de regular o sistema imunitário, estas células constituem uma alternativa promissora aos tratamentos atualmente disponíveis, incapazes de prevenir recaídas, e cujo uso prolongado pode conduzir a efeitos secundários.
Poderá vir a ser possível tratar lesões na pele causadas pela psoríase, recorrendo à administração de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical. Os resultados obtidos num estudo, realizado em modelo animal, revelam o potencial das células estaminais no tratamento desta doença autoimune que afeta cerca de dois por cento da população.
Representando a maioria dos casos, a psoríase em placas caracteriza-se pela presença de lesões rosadas, cobertas por escamas prateadas, que aparecem vulgarmente nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo. Por se tratar de uma doença crónica, os doentes, mesmo com os tratamentos atualmente disponíveis, podem sofrer recaídas, com impacto substancial na sua qualidade de vida.
Esta situação abre espaço para a procura de novas abordagens para o tratamento da psoríase em doentes que não respondem às terapêuticas convencionais, que deixam de responder ou desenvolvem efeitos secundários. “Pela capacidade de regular o sistema imunitário, pelo grande potencial demonstrado no tratamento de outras doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, e pela facilidade com que são obtidas, as células estaminais mesenquimais – nomeadamente do tecido do cordão umbilical – são uma fonte muito atrativa de células para utilização clínica em contexto de psoríase”, explica Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.
Para determinar a eficácia das células estaminais do cordão umbilical na prevenção do desenvolvimento de lesões na pele características da psoríase, foram realizadas várias experiências durante o estudo. Foi testada a aplicação única de diferentes doses destas células, por via intravenosa ou subcutânea, e ainda a eficácia de três aplicações subcutâneas. O grupo controlo recebeu uma solução salina em vez de células estaminais.
Segundo os autores, das duas vias de administração testadas, a que apresentou resultados mais favoráveis foi a injeção subcutânea de células estaminais no centro da lesão, tendo esta revelado um efeito anti-inflamatório mais potente do que a administração intravenosa. Relativamente à dose e frequência de administração, uma administração única de dois milhões de células estaminais do cordão umbilical por via subcutânea foi considerada a abordagem terapêutica ótima para prevenir o aparecimento de lesões na pele no modelo animal de psoríase utilizado.
Os mecanismos subjacentes ao efeito terapêutico das células estaminais do cordão umbilical foram ainda explorados pelos autores, que descobriram que provavelmente se devem à inibição de determinadas células do sistema imunitário, responsáveis pela libertação de moléculas inflamatórias associadas ao desenvolvimento de psoríase.
Os resultados do estudo demonstram que as células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical são eficazes no alívio da inflamação e, subsequentemente, das lesões na pele associadas à psoríase, em modelo animal, fornecendo importantes evidências experimentais acerca da melhor dose, via e frequência de administração destas células para o seu tratamento.
Para aceder aos estudos científicos mais recentes sobre os resultados promissores da aplicação de células estaminais, visite o Blogue de Células Estaminais.