Dra. Andreia Pais – Nutricionista da Clínica Pilares da Saúde
A melhor forma de tratar a endometriose é através de uma abordagem multidisciplinar, em que o auxílio de vários profissionais de saúde, como médicos, fisioterapeutas e nutricionistas melhoram o quadro clínico das portadoras desta patologia, melhorando a sua qualidade de vida.
Nutricionalmente o que se deverá fazer é uma mudança de estilo de vida. Entender que essa mudança não acontece da noite para o dia, e que cada paciente tem as suas características, hábitos e necessidades únicas.
A sua base alimentar deverá ser anti-inflamatória, bem como a implementação de uma alimentação plant-based e rica em antioxidantes de modo a diminuir o risco de doenças relacionados ao stress oxidativo (uma vez que os macrófagos – células brancas que agem em nossa defesa – são ativados no tecido peritoneal de mulheres com endometriose e geram stress oxidativo através do aumento de radicais peróxidos e produtos da sua degradação).
De modo a diminuir o stress oxidativo, é importante ingerir alguns alimentos, tais como: romã, ameixa, nozes, brócolos, entre outros, e aumentar o consumo de polifenóis, tais como o cacau, amêndoas, mirtilos, morangos, chá verde, entre outros.
Vários alimentos demonstram a capacidade de interferir na patogénese da endometriose. Entre os que diminuem o risco, estão os vegetais, legumes, grãos integrais, que atuam no genoma, alterando a expressão genética e influenciam a metilação do ADN. Dietas deficientes em determinados nutrientes, levam ao aumento do stress oxidativo e alterações epigenéticas relacionadas à endometriose.
Entre as várias estratégias nutricionais a serem aplicadas, uma das mais importantes é o consumo de ómega-3, uma vez que o seu desequilíbrio na proporção de n-6/n-3 está relacionado com dismenorreia, distúrbios autoimunes e endócrinos em mulheres com endometriose. O seu uso reduz o tamanho da lesão, reduz a produção local de prostaglandinas/citocinas e tem um efeito supressor na sobrevivência das células endometriais.
A hipersensibilidade visceral apresentada pelos pacientes com Síndrome do Intestino Irritável (SII), é também encontrada em mulheres com endometriose, sugerindo que uma dieta baixa em FODMAPs poderá ser uma terapia interessante para estas mulheres.