Quase 30% dos diabéticos também sofre de doença hepática 30 de Junho de 2015 A doença hepática afeta 30% dos diabéticos, uma realidade que será debatida na primeira reunião nacional sobre “Diabéticos e Fígado”, que vai acontecer no próximo sábado, no Hospital de S. Pedro, em Vila Real.
«Há uma falta de consciência de que se está perante uma doença bipolar: existem doentes com doença de fígado que desenvolvem diabetes – muitas vezes associadas a essa própria doença -, e doentes com diabetes que vão desenvolver uma doença hepática secundária à própria diabetes», explicou à “Lusa” Paulo Subtil, coordenador da Unidade Integrada de Diabetes do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e promotor do Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).
Esta iniciativa, promovida pelo Núcleo de Estudos da Diabetes Mellitus (NEDM) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), vai refletir sobre os «maiores riscos para o doente» e «desafios adicionais no tratamento» associados à combinação das duas patologias, informou a SPMI em comunicado.
Nos países desenvolvidos, a cirrose é responsável por 12% das mortes em pessoas com diabetes, pelo que «é essencial criar abordagens terapêuticas adequadas a estes doentes», uma vez que a coexistência destas patologias representa «uma maior limitação dos fármacos disponíveis e interações medicamentosas mais complexas».
«Nós estamos muito pouco atentos a este pormenor, pelo que consideramos sempre as duas doenças separadamente e não a sua unificação numa só entidade clínica, o que levanta alguns problemas a nível do diagnóstico, da orientação e da terapia», referiu Paulo Subtil, acrescentando que «alguns clínicos sentem receio no tratamento destes doentes».
A SPMI considera que a relação entre a diabetes e a doença hepática se encontra «pouco explorada do ponto de vista da investigação» e, uma vez que «a presença de uma das patologias pressupõe o aparecimento da outra em 30 por cento dos casos», quer promover uma maior partilha de conhecimento.
«É importante que os vários especialistas reconheçam esta relação bidirecional entre as duas patologias, compreendendo que este é um grupo específico de doentes, em que o habitual esquema de referenciação por especialidade pode não ser suficiente», indicou o médico, sublinhando que «é essencial uma integração de conhecimentos para prover a melhor solução possível».
Paulo Subtil confessou, ainda, que «o pouco que se sabe prende-se com curiosidades científicas que se vão apanhando e se vão somando (…) [pela mão de] alguns curiosos que, nos últimos anos, têm refletido um bocado sobre estes assuntos».
Neste contexto, o NEDM organizou esta reunião, inédita em Portugal, que vai discutir uma «visão holística do doente, que permite abordar estes casos como um todo, sendo o elo entre as diferentes especialidades», indicou o médico. |