Quase 70% das pessoas com doenças crónicas em Portugal pedem mais profissionais de saúde no acompanhamento destas patologias 244

Quase 70% das pessoas com doenças crónicas em Portugal pedem mais profissionais de saúde no acompanhamento destas patologias, enquanto 53,5% pedem mais consultas de rotina dedicadas a este tipo de doenças. Estas são as principais conclusões de um estudo realizado junto de 2 mil portugueses com doenças crónicas e apresentado hoje na cerimónia de entrega do Angelini University Award.

O inquérito realizado pela Spirituc Investigação Aplicada para a Angelini Pharma, com o envolvimento da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Farmacêuticos, foi implementado entre setembro e novembro de 2022 e pretende avaliar o impacto da pandemia da covid-19 nas pessoas com doenças crónicas.

Durante o período pandémico os doentes crónicos mostraram-se preocupados com a sua saúde, nomeadamente, no contexto da sua doença crónica, com mais de metade dos inquiridos a responder com 8, 9 ou 10 numa escala em que 10 significava “Muito preocupado”. Foram os inquiridos mais novos os que se mostraram mais preocupados.

Pouco mais de 1/3 dos doentes crónicos inquiridos tiveram dificuldades de acesso a cuidados de saúde relacionados com a sua doença crónica durante a pandemia, sendo a realização de consultas de rotina no Centro de Saúde e no Hospital os aspetos que levantaram mais problemas, para metade dos inquiridos. No caso de quem teve dificuldades no acesso às consultas, as principais consequências foram o adiamento ou mesmo o cancelamento das mesmas pelos serviços de saúde. E ainda que apenas uma pequena parte dos inquiridos tivesse uma cirurgia que foi adiada ou cancelada devido à pandemia, este adiamento/ cancelamento teve um impacto relevante na qualidade de vida destes doentes crónicos.

Quem teve dificuldades no acesso a cuidados de saúde relacionados com a sua doença crónica durante a pandemia tentou contorná-las de diversas formas, tendo sido as mais frequentes o recurso à telemedicina, ao médico de família, à farmácia e a médico no sistema privado. A experiência com a telemedicina parece ter sido um recurso com bons resultados, já que a mesma é avaliada em termos médios com 6,87, numa escala em que 1 significava “Experiência muito negativa” e 10 “Experiência muito positiva.”

Os cuidados de saúde primários continuaram a ser, durante o período pandémico, a entidade de excelência no acompanhamento e gestão da doença crónica dos doentes inquiridos. O top 3 fica completo com os hospitais públicos e as farmácias. No caso dos mais novos, as farmácias ganham relevância face aos cuidados de saúde primários.

Os cuidados de saúde primários não só foram considerados como os mais relevantes para o acompanhamento e gestão da doença crónica, como são também o local de eleição caso os doentes tenham um problema de saúde relacionado com a sua doença crónica. Mais de metade dos inquiridos considera que as doenças oncológicas são as que representam um maior peso/encargo para o SNS, seguidas de doenças infectocontagiosas e cardiovasculares.

É importante ainda realçar que o período pandémico teve um impacto relevante na qualidade de vida dos doentes crónicos, o que é claro, não só pelo valor médio da escala, mas também pelo facto de mais de 1/3 dos inquiridos ter avaliado este impacto com um nível de 8, 9 ou 10, numa escala em que 10 significava “Impacto muito grande”. É interessante notar que tendencialmente o impacto diminui à medida que o escalão de rendimento aumenta.

Para a realização deste estudo foram feitos 2000 questionários a portadores de doença crónica entre a população portuguesa, com idade superior a 18 anos. A maior parte dos inquiridos tinham doença cardiovascular (27,7%), doença auto-imune (26,3%) ou doença respiratória (23,7%).

Estes e outros dados vão ser dados a conhecer hoje na cerimónia de entrega da 13.ª edição do Angelini University Award (AUA!), que este ano é dedicada à “Gestão dos Danos Colaterais da Pandemia em Pessoas com Doenças Crónicas”.

Adalberto Campos Fernandes, professor e médico especialista em saúde pública, Catarina Baptista, Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Isabel Saraiva, Presidente da Associação Respira, e Luís Campos, Presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente e Presidente da Comissão de Qualidade e Assuntos Profissionais da Federação Europeia de Medicina Interna, vão comentar o estudo e apontar caminhos para uma melhor gestão dos danos causados pela pandemia nas pessoas com doenças crónicas.

No mesmo dia serão distinguidos os dois melhores trabalhos de estudantes universitários, que podem ser individuais ou em grupo, com um prémio monetário no valor de € 10.000 e € 5.000. Os critérios de avaliação dos projetos a concurso terão por base a inovação, criatividade, metodologia utilizada, pertinência, viabilidade da sua implementação e a sua apresentação formal. A iniciativa, promovida pela Angelini Pharma em Portugal, conta com nomes como Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, Luís Lourenço, Presidente da Secção Sul da Ordem dos Farmacêuticos, Miguel Telo de Arriaga, Chefe de Divisão de Estilos de Vida Saudável na Direção-Geral da Saúde e Elsa Frazão Mateus, Presidente da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas no painel de jurados.

Dinamizado em Portugal há mais de uma década, o AUA pretende ser um estímulo à inovação e distinção do talento dos jovens universitários na procura de novas soluções com aplicabilidade real para a sociedade. O prémio destina-se aos jovens a frequentar o ensino superior na área da Saúde em Portugal, visando dar oportunidade aos mesmos de colocar em prática os seus conhecimentos mediante um projeto próximo da realidade empresarial e social e com potencial de concretização real.