Quase metade dos imigrantes inquiridos num estudo tem medo de contrair VIH 537

24 de outubro de 2014

Quase metade (48%) dos imigrantes inquiridos num estudo promovido pela Liga Portuguesa Contra a Sida (LPCS) disse estar «muito preocupado» com a possibilidade de contrair o vírus VIH, mas 57% ainda não realizarem o teste.

O inquérito faz parte do projeto de promoção e educação para a saúde “Vamos Ganhar Defesas”, desenvolvido nos últimos quatro anos junto de 395 imigrantes oriundos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, residentes na área metropolitana de Lisboa.

O objetivo foi caracterizar esta população e avaliar os seus conhecimentos, comportamentos e práticas de alimentação, segurança alimentar, higiene oral e corporal e de prevenção do VIH/Sida, através da realização de ações de sensibilização e (in)formação, adaptadas às necessidades e características desta população.

A maioria dos participantes (56,2%) são mulheres, 51,4% são solteiros, 20,3% não estudou ou tem 1º ciclo incompleto, 19% estudou até ao 9º ano e 11,9% tem o Ensino Superior

A grande maioria (80,2%) vive em Portugal há mais de cinco anos, 92% têm a situação legalizada, sendo que 29,3% residem na margem sul e 21,5% no concelho da Amadora.

Quanto à situação profissional, 42,6% estão empregados, 41,2% desempregados, 8,9% são estudantes e 7,4% reformados.

Os resultados do projeto, divulgados hoje na conferência promovida pela Liga “Vamos Ganhar defesas” e citados pela “Lusa”, revelam que 27% dos inquiridos não estão «nada preocupados» com a possibilidade de poder contrair o VIH, 16% estão «moderadamente» preocupados e 9% pouco preocupados.

Questionados sobre se o VIH é responsável pela sida, 73% afirmaram que sim, 6% que não e 21% não sabiam.

À pergunta «Existe uma vacina para prevenir o vírus que causa a sida», 46% disseram que não, 30% que sim e 24% não sabiam.

Quando questionados sobre se «existe cura para a sida», 66% afirmaram que sim, contra 16% que reponderam negativamente.

A maioria (65%) pensa que «as pessoas infetadas mostram rapidamente sintomas» da doença e 62% consideram que «só homossexuais, toxicodependentes e trabalhadores do sexo correm risco».

Dez por cento dos inquiridos consideram que «beijar, abraçar, apertar a mão são vias de transmissão do vírus» e 71% que o «uso correto de preservativos é a proteção eficaz do vírus».

Mais de metade (54,6%) disse ter atualmente um parceiro sexual, 27,8% não têm nenhum e 17,6% confessaram ter vários.

Já sobre o uso de preservativo, 52% das mulheres inquiridas disseram que «nunca» usam, contra 38% dos homens.

O projeto, cofinanciado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), avaliou, o estilo de vida, os hábitos de higiene e alimentares desta população.

«Sendo esta uma população que vive em bairros sociais com grandes problemas económicos devido à falta de trabalho, a alimentação, a higiene oral e os comportamentos sexuais mais seguros nem sempre são prioridade, podendo assim potenciar os riscos de doenças», refere a LPCS.

Segundo o estudo, 11,1% dos participantes consomem bebidas alcoólicas regularmente, 15,2% fumam, 46,3% têm um problema de saúde e 43,8% fazem exercício físico.

Sobre os hábitos de higiene corporais e orais, 75,7% disseram tomar banho mais de cinco vezes por semana e 97,5% usam escova e dentífrico na escovagem dos dentes.

Questionados sobre a última vez que foram ao dentista/higienista, 41,3% disseram há mais de um ano e 25,1% nunca foi.

Analisando os hábitos de higiene e segurança alimentar, o estudo aponta que 85,6% dos inquiridos lavam as mãos antes de cozinhar e 83,6% antes de comer.

Refere ainda que 72,6% confirmam a data de validade dos alimentos, 40,5% provam a comida diretamente do tacho e 29,4% voltam a congelar os alimentos depois de descongelados