Quase metade dos portugueses tem excesso de peso 577

19 de dezembro de 2014

Os maus hábitos alimentares são o principal fator de risco responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos em Portugal, segundo um relatório ontem apresentado pela Direção-geral da Saúde, que mantém que quase metade dos portugueses tem excesso de peso.

«Os hábitos alimentares inadequados em Portugal foram responsáveis por 11,96% do total de anos de vida prematuramente perdidos, ajustados pela incapacidade, no sexo feminino, e por 15,27% no sexo masculino», refere o relatório, citando dados compilados no ano passado, mas recolhidos em Portugal em 2010.

No caso das mulheres, logo depois dos maus hábitos alimentares surgem como principais causas para anos de vida saudáveis perdidos a hipertensão, o índice de massa corporal elevado e a inatividade física.

Já nos homens, depois da inadequada alimentação vem o fumo do tabaco, a hipertensão e o consumo excessivo de álcool.

«Todas as ações de prevenção das principais doenças crónicas devem ter em conta que a alimentação inadequada é a principal responsável pelos anos de vida saudáveis perdidos em Portugal», refere o relatório “Portugal – Alimentação em Números 2014”, citado pela “Lusa”.

O documento volta a apontar para uma estimativa de metade da população adulta a sofrer de excesso de peso: cerca de um milhão de adultos são obesos e 3,5 milhões pré-obesos.

O relatório aponta ainda para uma melhoria na avaliação ou notificação dos casos de pré-obesidade e obesidade, já que aumentou em 150 mil o número de pessoas registadas como obesas nos cuidados de saúde primários entre 2011 e 2013.

Os autores do documento admitem que é ainda difícil estimar os efeitos dos anos de crise económica nos consumos alimentares das famílias portuguesas, mas salientam que estão a ocorrer algumas mudanças que podem estar relacionadas com a crise.

Uma delas é o aumento do consumo per capita de carne de aves, geralmente mais barata, enquanto diminui o consumo de carne de bovino, suíno, de ovino e de caprino.

«Desde que há registo, inverte-se pela primeira vez uma tendência: a carne de aves (animais de capoeira) cresce ao contrário da de bovino e a de suíno. Mesmo assim, a proporção de proteína de origem animal ainda está acima do desejável», refere o relatório, que recorre a dados do Instituto Nacional de Estatística entre os anos de 2008 e 2012.

Segundo o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Pedro Graça, a crise económica pode ainda ser uma oportunidade para relançar o consumo de alguns alimentos menos dispendiosos e com bom valor nutricional, como o caso das leguminosas secas (feijão, grão, ervilhas) e dos ovos.