O facto de estarmos a viver tempos completamente novos torna ainda mais difícil a tarefa de tentar prever o futuro. No entanto, já se conseguem antever algumas alterações nos comportamentos dos consumidores que parecem ter vindo para ficar.
A procura do distanciamento, como forma de segurança, é uma delas e vai fazer com que os pagamentos sem contacto, as caixas de saída completamente automáticas, as entregas em casa e as compras online deixem de ser tendências apenas emergentes e passem a ser certezas.
Afinal, esta nova ameaça fez com que muitos de nós percebessem aquilo que as anteriores gerações repetiam amiúde: sem Saúde nada mais interessa. Assim sendo, de um modo natural, a preocupação com a saúde irá aumentar ainda mais neste novo consumidor.
A proximidade é outro dos valores cuja importância aumentou. As limitações à mobilidade obrigaram as pessoas olhar e a interagir com a sua comunidade local. Muitas perceberam a vantagem de, mais que ter, ser vizinhos.
O preço continuará a ser uma das preocupações dos consumidores portugueses, que já são, habitualmente, muito reativos a este fator. É apenas uma resposta racional: a instabilidade económica levará as pessoas a serem mais previdentes com os gastos.
Quer isto dizer que nos espera um consumidor preocupado com a saúde, aqueles que lhe são próximos e o dinheiro. Ou seja, isto mudou tudo, mas a verdade é que, no essencial, não mudou nada.
João Barros
Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa