Queixas de agressões contra profissionais de saúde duplicaram 21 de Agosto de 2015 No ano passado os casos de violência contra profissionais em serviços de saúde motivaram 72 queixas na polícia, mais do dobro do que no ano anterior.
O relatório anual da Direcção-Geral da Saúde sobre o sistema de notificação de violência contra profissionais de saúde criado em 2007, voluntário e anónimo, revela que na maioria das vezes os profissionais optaram por não formalizar queixa.
Ao todo foram reportadas 531 situações e, ainda assim, em 108 casos as vítimas precisaram de tratamento. A maioria ficou insatisfeita com a forma como a instituição lidou com o caso e entende que a situação podia ter sido prevenida, noticiou o jornal “i”.
No ano passado verificou-se um número recorde de notificações deste tipo de incidentes, mais do dobro do que no ano anterior, em que tinham sido comunicadas apenas 233 situações. A DGS insiste que não se pode inferir que haja mais conflitualidade nem tece considerações sobre as causas das agressões. O departamento de qualidade do organismo considera apenas que existe uma maior adesão ao sistema de notificação e propõe que seja elaborada uma norma sobre medidas de prevenção e de intervenção nos serviços de saúde.
Das 531 situações, 503 verificaram-se no sector público e 28 do sector privado. A maioria (302) aconteceu em hospitais, seguindo-se os centros de saúde (151) e unidades de desabituação (58). Nos hospitais, o espaço mais referido foi a consulta externa, seguindo-se as urgências, os serviços de medicina e os serviços de psiquiatria. Verificaram-se ainda 58 situações em serviços administrativos e de atendimento.
Os enfermeiros são o grupo profissional mais vezes agredido, como aliás já se tinha verificado em anos anteriores. Em 531 situações, 193 envolveram enfermeiras e 131 enfermeiros, o que significa que em 60% dos casos as vítimas são enfermeiros. Foram ainda reportados 86 casos de agressão a médicos, 64 em que as vítimas foram assistentes técnicos e 44 assistentes operacionais foram também agredidos.
Na maioria das vezes os agressores foram doentes (291 casos), seguindo-se outros profissionais de saúde da unidade (85), familiares ou acompanhantes do doente (95). Dominam situações de discriminação/ameaça (312), injúria (271) e pressão moral (262). Registaram-se ainda assim 133 situações de violência física e 33 de dano contra a propriedade.
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