Descubra qual a ‘reação adversa’ que Félix Carvalho, candidato à presidência da Secção Regional do Norte da Ordem dos Farmacêuticos (OF), pela Lista M, eliminaria da profissão ou ainda qual o princípio ativo que melhor descreve a sua personalidade.
- Qual é o princípio ativo que melhor descreve sua personalidade?
Dopamina – o combustível do prazer, motivação e inovação. Assim como ela, sou movido pela busca de resultados transformadores e pela energia que conecta ciência e bem-estar.
- Se a sua vida fosse uma bula, qual seria a principal contraindicação?
Evitar o uso em situações onde a ciência é colocada em segundo plano.
- Qual é o maior efeito colateral de ser farmacêutico?
Um olhar analítico incessante que transforma cada detalhe em uma oportunidade de melhoria – às vezes, difícil de desligar.
- Qual foi a fórmula (ou decisão) mais inovadora que criou/tomou?
Ao longo da minha carreira, tenho desenvolvido soluções inovadoras com impacto na área da toxicologia, como o desenvolvimento de antídotos eficazes para intoxicações por substâncias como o veneno da Amanita phalloides, o herbicida paraquato e a droga ecstasy, muitas vezes reutilizando medicamentos já aprovados para outros tratamentos. A minha dedicação à investigação é refletida na produção de mais de 550 artigos, livros e capítulos, além de uma colaboração ativa na formulação de políticas públicas e legislação sobre novas substâncias psicoativas. A minha liderança em sociedades científicas como a Sociedade Portuguesa de Farmacologia e a EUROTOX tem sido essencial para o fortalecimento da toxicologia e para a promoção de uma colaboração internacional duradoura. Com 34 anos de experiência como professor na área das ciências farmacêuticas, tenho transmitido o meu conhecimento e expertise a novas gerações de profissionais, sempre com o objetivo de garantir a excelência no ensino e no desenvolvimento da prática farmacêutica. Além disso, como Presidente da Direção da Secção Regional Norte da Ordem dos Farmacêuticos (SRNOF), tenho trabalhado ativamente na valorização da profissão, na defesa dos interesses dos farmacêuticos e na adaptação da nossa prática às novas realidades do mercado e às necessidades da sociedade, promovendo o crescimento contínuo e a colaboração entre os farmacêuticos e outras entidades do setor da saúde.
- Se pudesse desenvolver um medicamento revolucionário, para que seria?
Um medicamento para promover uma recuperação completa de acidentes vasculares cerebrais.
- Qual a sua dose diária de inspiração para enfrentar desafios?
Observar o progresso da ciência e perceber o impacto tangível que pode gerar na melhoria da saúde das pessoas.
- Se pudesse trabalhar ao lado de qualquer cientista/personalidade da História, quem seria e o que desenvolveriam juntos?
Escolheria Paracelsus, o pai da toxicologia, por razões óbvias de afinidade e pela sua abordagem pioneira no uso de substâncias químicas no tratamento de doenças, com todo o cuidado com as doses tóxicas bem como a sua ênfase na observação como ferramenta de diagnóstico e terapia.
- Qual é o maior placebo na área da farmácia que todos precisam parar de acreditar?
Os medicamentos homeopáticos, pois, apesar da crença popular em sua eficácia, não há evidências científicas robustas que comprovem seus efeitos terapêuticos além do efeito placebo.
- O que mais o cura nos dias difíceis?
O apoio da família e amigos, o poder do descanso e do sono reparador.
- Qual a ‘interação medicamentosa’ perfeita entre farmacêuticos e outras áreas da saúde?
Colaboração interdisciplinar no tratamento personalizado – A interação perfeita acontece quando farmacêuticos, médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde trabalham juntos para criar planos de tratamento personalizados, ajustando terapias para as necessidades específicas de cada doente.
- Se pudesse prescrever uma receita para a profissão farmacêutica, o que incluiria?
A receita já é conhecida e aplicada há muito: “formação contínua, empatia e comunicação eficaz, ética e responsabilidade, colaboração interdisciplinar, inovação e pesquisa, prevenção e educação, e cuidado com o bem-estar próprio, garantindo que os farmacêuticos se mantenham atualizados, comprometidos com a segurança das pessoas e capazes de contribuir ativamente para a saúde pública de forma integrada e equilibrada.”
- Qual é o maior desafio de ‘manipular’ os problemas da profissão?
Superar a inércia de sistemas que ainda subestimam o potencial do farmacêutico como pilar estratégico da saúde pública.
- Qual é a ‘posologia’ para ser um bom líder no órgão a que concorre?
Empatia em doses elevadas e visão estratégica, equilibrada com pragmatismo, e um compromisso constante com a ética e a integridade.
- Se pudesse eliminar uma única ‘reação adversa’ da profissão, qual seria?
Eliminaria a falta de reconhecimento e valorização da função dos farmacêuticos na equipa de saúde, particularmente refletida nos salários inadequados e frequentemente pela falta de condições no local de trabalho. Esta desvalorização não só subestima o papel fundamental que os farmacêuticos desempenham na promoção da saúde e na segurança das pessoas, como também impacta a motivação e a retenção de profissionais qualificados.
- Qual é a sua visão para a Farmácia daqui a 10 anos?
Daqui a 10 anos, vejo a Farmácia como uma profissão completamente transformada, onde os farmacêuticos são verdadeiros líderes na medicina de precisão e na saúde integrada. Com o uso de inteligência artificial, análise de dados e biotecnologia, os farmacêuticos serão capazes de criar planos de tratamento personalizados em tempo real, baseados no perfil genético e nas condições individuais dos doentes, garantindo tratamentos mais eficazes e mais seguros. As farmácias estarão totalmente digitalizadas, oferecendo serviços de monitorização remota, consultas virtuais de aconselhamento terapêutico e gestão de doenças crónicas, com plataformas inteligentes capazes de antecipar necessidades e intervir de forma proativa. A colaboração entre farmacêuticos e outras áreas da saúde será completamente integrada, com farmacêuticos a atuarem como consultores estratégicos nas decisões terapêuticas, otimizando tratamentos e prevenindo complicações. Além disso, os farmacêuticos estarão na linha da frente nas doenças crónicas e mentais, utilizando novas tecnologias para oferecer intervenções personalizadas, preditivas e preventivas. A profissão será completamente reimaginada, combinando a inovação tecnológica com o cuidado humano para proporcionar uma saúde mais inteligente, acessível e personalizada.