Questionário de Proust: Leonor Correia, candidata ao Conselho do Colégio de Especialidade de Análises Clínicas e de Genética Humana 266

Descubra qual a ‘reação adversa’ que Leonor Correia, candidata à presidência do Conselho do Colégio de Especialidade de Análises Clínicas e de Genética Humana da Ordem dos Farmacêuticos (OF), pela Lista B, eliminaria da profissão ou ainda qual o princípio ativo que melhor descreve a sua personalidade.

  • Qual é o princípio ativo que melhor descreve sua personalidade?

O ácido acetilsalicílico (AAS), que atua de forma contínua e eficaz, proporcionando benefícios a curto e longo prazo, acredito que a resiliência é fundamental para enfrentar os desafios imediatos, superar as adversidades e garantir resultados duradouros na defesa da nossa classe profissional. Tal como o AAS, que se adapta a várias situações clínicas, a grande capacidade de adaptação e a perseverança são as minhas principais características.

  • Se a sua vida fosse uma bula, qual seria a principal contraindicação?

Excesso de determinação, de dedicação e preocupação constante, relativamente ao futuro da profissão.

  • Qual é o maior efeito colateral de ser farmacêutico?

A constante necessidade de adaptação, capacitação e atualização. Estar na linha da frente implica lutar com ética e aprender a adaptar-se às constantes evoluções científicas e tecnológicas.

  • Qual foi a fórmula (ou decisão) mais inovadora que criou/tomou?

Gosto de criar e inovar. A rotina aborrece-me. Ao longo da vida criei várias empresas e desenvolvi diferentes projetos de investigação, inovação e intervenção, em Portugal e em França. No âmbito das análises clínicas e da genética humana desenvolvi, há mais de 25 anos, um projeto de capacitação e formação contínua vencedor, cujo objetivo foi a aproximação da academia à profissão, através da disponibilização de cursos multidisciplinares e acessíveis, adaptados às necessidades reais dos profissionais destas áreas. Na altura, foi um projeto inovador, dada a escassez de formações deste género, que possibilitou a melhoria do desempenho dos milhares de profissionais que os frequentaram, com particular relevo para os farmacêuticos e os médicos.

  • Se pudesse desenvolver um medicamento revolucionário, para que seria?

Seria um medicamento para curar a impaciência e aumentar a resiliência e o bom senso.

  • Qual a sua dose diária de inspiração para enfrentar desafios?

O compromisso com a melhoria da saúde dos utentes e o apoio constante dos colegas e dos jovens profissionais. Acreditar que cada decisão pode influenciar as escolhas e o futuro dos jovens e ter um impacto positivo nas vidas das pessoas é o que me motiva diariamente.

  • Se pudesse trabalhar ao lado de qualquer cientista/personalidade da História, quem seria e o que desenvolveriam juntos?

Seria Marie Curie, pela sua coragem e pioneirismo. Trabalharíamos juntas para desenvolver novos biomarcadores, inovadores e acessíveis a todos os que deles necessitam e que pudessem garantir maior precisão e eficácia nos tratamentos.

  • Qual é o maior placebo na área das análises clínicas e da genética humana, que todos
    precisam parar de acreditar?

Que a tecnologia pode substituir o olhar humano e a personalização dos cuidados. A tecnologia é uma ferramenta essencial e eficaz, mas a humanização da saúde é fundamental.

  • O que mais a cura nos dias difíceis?

A partilha de conhecimento e o apoio que desfruto no trabalho em equipa. A motivação dos colegas, dos jovens profissionais e o impacto positivo das nossas ações nos seus comportamentos e tomadas de decisão é sempre muito animador e reconfortante.

  • Qual a ‘interação medicamentosa’ perfeita entre farmacêuticos e outras áreas da saúde?

Uma comunicação fluida e colaborativa. Cooperações fortes e saudáveis geram valor para todos. O farmacêutico deve ser parte integrante e uma mais valia nas equipas de saúde multidisciplinares, garantindo diagnósticos e tratamentos mais acessíveis e eficazes.

  • Se pudesse prescrever uma receita para a profissão farmacêutica, o que incluiria?

Capacitação contínua, reconhecimento profissional e defesa das análises clínicas como um pilar fundamental dos cuidados de saúde, que deverão ser acessíveis a todos.

  • Qual é o maior desafio de ‘manipular’ os problemas da profissão?

A falta de representatividade, o combate ao envelhecimento associado a estas áreas profissionais, face à conjuntura atual e à falta de atratividade que se instalou nos últimos anos. Há que valorizar o papel central que os farmacêuticos e os diagnósticos laboratoriais desempenham na saúde pública.

  • Qual é a ‘posologia’ para ser um bom líder no órgão a que concorre?

Escutar ativamente e tomar decisões conjuntas, lutar por aquilo em que acreditamos, fomentar o trabalho em equipa e desencadear ações que interessem, incentivem e valorizem os seus membros. Promover a proatividade da equipa e desenvolver ações concretas, que valorizem a classe e beneficiem profissionais e utentes.

  • Se pudesse eliminar uma única ‘reação adversa’ da profissão, qual seria?

A internalização das análises clínicas no SNS e a centralização dos diagnósticos em grandes grupos/unidades, que leva à perda de autonomia dos laboratórios locais e ao desaparecimento do tecido laboratorial de proximidade. Este cenário impede a livre escolha do utente, relativamente ao local onde deseja fazer as suas análises e, também, dificulta o acesso dos utentes aos laboratórios, sobretudo em zonas mais afastadas dos grandes centros e para a população mais idosa, com mobilidade mais reduzida e menos recursos económicos.

  • Qual é a sua visão para os Laboratórios de Análises Clínicas e de Genética Humana daqui a 10 anos?

No que concerne aos laboratórios de análises clínicas e de genética humana, no contexto das ciências farmacêuticas, antevejo uma crescente digitalização dos serviços e um maior recurso à inteligência artificial e à robotização. No entanto, a humanização deverá ser preservada e os utentes não devem ser reduzidos a meros números. Os farmacêuticos devem ser cada vez mais próximos, interventivos, capacitados e reconhecidos pelo seu contributo essencial para a saúde pública e a inovação diagnóstica e terapêutica