Relatório: Duas novas drogas aparecem todas as semanas na Europa 27 de Junho de 2016 Todas as semanas as autoridades europeias detetam duas novas substâncias psicoativas e, embora o consumo permaneça baixo, há cada vez mais evidências da associação destes “estimulantes legais” a emergências hospitalares e efeitos adversos agudos, alerta um relatório. Publicado ontem pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) para assinalar o Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico de Droga, que se assinala neste domingo, o relatório, o primeiro sobre respostas de saúde pública às novas drogas, manifesta preocupação com a «rápida emergência» das novas substâncias psicoativas (NSP). «O mercado de NSP é complexo e o rápido aparecimento de novos produtos significa que urge desenvolver intervenções de suporte no domínio da saúde. As primeiras respostas às novas drogas na Europa foram essencialmente reguladoras e centradas em instrumentos legislativos de combate à oferta. Mas, à medida que o fenómeno evolui, é crucial formular e aplicar respostas eficazes em termos de saúde pública no que toca ao consumo destas substâncias», disse o diretor do OEDT, Alexis Goosdeel, citado num comunicado. Segundo o relatório, só em 2015 foram detetadas pela primeira vez 98 novas substâncias através do sistema de alerta rápido da UE, aumentando para 560 o número total de novas drogas monitorizadas pelo organismo, noticiou a “Lusa”. Destas 560 novas drogas, 70% foram detetadas nos últimos cinco anos. Embora muitas destas drogas acabem por desaparecer rapidamente do mercado, algumas são ontem relevantes nos mercados das drogas ilícitas. As NSP, também conhecidas como “estimulantes legais” incluem canabinóides sintéticos, estimulantes (incluindo catinonas), alucinogénios e opióides desenhados para imitarem os efeitos das drogas clássicas. Um estudo realizado em 2014 entre jovens europeus de entre 15 e 24 anos concluiu que 8% já tinham experimentado estas drogas e 3% tinham usado uma NSP no ano anterior. A nível nacional, a prevalência do uso de NSP entre os mesmos jovens variava entre 9,7% na Irlanda e 0,2% em Portugal. Embora a prevalência seja baixa, os autores do relatório do OEDT alerta que alguns grupos são particularmente vulneráveis aos riscos do uso e dos seus efeitos, nomeadamente “frequentadores da noite”, homens que têm sexo com outros homens, reclusos, jovens e pessoas que injetam drogas. Existe uma falta de dados geral sobre os riscos das NSP para a saúde pública, mas «há evidências crescentes de uma associação com emergências hospitalares, consequências agudas severas e mesmo algumas mortes, embora em muitos casos a intoxicação fatal envolva normalmente outras drogas em simultâneo». O relatório exemplifica que, ao contrário da canábis natural, os canabinóides sintéticos têm sido associados a AVC, danos nos rins e fígado e teme-se que o seu uso exacerbe sintomas psiquiátricos. No relatório, o OEDT conclui que, dada a falta de informação específica sobre a melhor resposta a dar às NSP na saúde pública, a solução poderá passar por adaptar as respostas já existentes e comprovadamente eficazes com as drogas estabelecidas a estas novas substâncias. |