A Residência Farmacêutica (RF) representa um importante passo na luta pela diferenciação e valorização do papel do farmacêutico no seio do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Desta forma, ao fim de cerca de 20 anos de reivindicação foi possível definir o acesso dos farmacêuticos à especialização, um marco para o setor. A RF revela-se, assim, fundamental para que os farmacêuticos envolvidos tenham uma formação sólida, com as valências práticas e técnico-científicas desenvolvidas, e em número suficiente para que seja possível o exercício autónomo e tecnicamente diferenciado da nossa profissão.
Com a entrada em vigor em março de 2020 do Regime Jurídico (Decreto-Lei n.º 6/2020) rapidamente foi criada a expetativa nos jovens farmacêuticos de um novo rumo profissional a seguir. No entanto, uma das maiores conquistas recentes da profissão coincidiu temporalmente com o surgimento de uma pandemia que veio colocar desafios inimagináveis, atrasando a passagem à prática do diploma.
Após um ano em que as novidades na implementação da RF foram escassas, no passado mês de agosto foi dado um passo decisivo neste processo com a disponibilização dos programas formativos das áreas abrangidas – Farmácia Hospitalar, Análises Clínicas e Genética Humana. Neste momento, aguardamos ansiosamente pelos passos seguintes que envolverão a publicação do júri de admissão e pela marcação da primeira prova de acesso à RF, o momento em que serão avaliados os primeiros candidatos no ingresso a esta nova carreira.
Este tem sido um processo longo e exaustivo para uma classe profissional que ambiciona pela colocação em prática de um novo acesso e especialização e que vê na Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS, I.P.) e na Comissão Nacional da Residência Farmacêutica (CNRF) os motores para a sua agilização, de forma a criar novos rumos para os farmacêuticos que pretendem a entrada no SNS.
A necessidade de avanço do processo reveste-se de especial importância num momento em que o SNS é colocado à prova diariamente em resposta a uma pressão extrema no sistema de saúde. Desta forma, é fundamental que o farmacêutico se afirme no meio hospitalar em intercolaboração com outros profissionais de saúde, garantindo a demonstração da sua vivacidade enquanto profissão fulcral na prestação dos melhores cuidados de saúde ao doente.
Cientes da importância que a residência representa para a classe, a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos assumiu desde cedo um papel preponderante na divulgação e esclarecimento de dúvidas dos interessados nesta carreira. Desde dinâmicas digitais com decisores na aprovação do diploma, até à divulgação de um e-book dedicado ao tema, ou sessões com estudantes, representamos a força motriz da garantia que esta carreira será reconhecida e valorizada pelos jovens da profissão. O nosso papel mantém-se ativo e vigilante de que esta será uma realidade, estando certos que os representantes da profissão na CNRF tudo farão para que o processo se desenvolva e se ultime nos primeiros residentes no ano de 2022.
Assim, a Residência Farmacêutica representa uma maior esperança e expetativa no futuro dos farmacêuticos e um passo no reconhecimento da profissão!
João Dias
Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF)