Os grandes desafios da Indústria Farmacêutica, num mundo em crise e repleto inovações por vezes difíceis de acompanhar por um setor desta dimensão, marcaram a edição de 2023 do Rehtinking Pharma, que decorreu no dia 29 de junho, no Centro de Congressos do Lagoas Park, em Oeiras.
Logo pela manhã, coube a Daniel Traça, professor na Nova School of Business and Economics, apresentar aos espectadores as expectativas a médio e longo prazo da economia portuguesa. Portugal tem uma economia “que não está bem, que é frágil”, pelo que é necessária uma mudança de paradigma que permita que as organizações cheguem longe, defendeu. De acordo com o especialista, a “cada hora que passa, um trabalhador português produz menos que” cidadãos de outros países com características semelhantes na Europa.
“Precisamos de mais internacionalização, inovação e agilidade”, assegurou, ilustrando um cenário onde, para lá de fortes exportações, existe “liberdade para as pessoas, é encorajada a criatividade”. O grande desafio do país, referiu, “é sermos menos chefes e mais líderes” com um “propósito muito forte”.
Rethinking Pharma: “Precisamos de mais inovação e agilidade”
Qual a importância real da Indústria Farmacêutica para a economia nacional? O primeiro momento de debate do Rethinking Pharma procurou responder à questão, com foco na cultura organizacional e no aproveitamento.
“Eu adoro talento”, começou por referir Paulo Barradas, presidente da Bluepharma, admitindo contudo existir um “problema de competitividade salarial” entre as empresas nacionais e internacionais, com as primeiras a saírem prejudicadas na retenção de bons profissionais. Para Renata Silva Gomes, gestora da fileira da saúde AICEP Portugal, é importante a adoção de apoios em duas vertentes: não só a “captação de investimento estrangeiros, mas também a internacionalização das empresas”.
“Há sobretudo uma pecha nacional que afeta, não só a Indústria Farmacêutica, mas toda a atividade económica: uma cultura anti-empresa”, garantiu Joaquim Cunha, diretor executivo Health Cluster Portugal, pedindo que se olhe para a Saúde como um investimento e não como um custo. Finalmente, Zorro Mendes, presidente do Departamento de Economia do ISEG, referiu que Portugal é um “país pequeno para o número de pessoas qualificadas que está a produzir”. A jornalista Rita Tavares moderou o debate.
Rethinking Pharma: “Cultura anti-empresa” afeta Indústria Farmacêutica
Depois do almoço, novo debate: “Os grandes desafios do market access”. Moderado por Luís Vasconcelos Dias, teve como oradores Erica Viegas, Vogal do Conselho Diretivo do Infarmed, Maria do Carmo Neves, presidente da APOGEN, Tânia Furtado, Executive Director, Global Commercial Strategy COVID-19 Europe, Canada, Australia and Intercontinental na Gilead Sciences e Heitor Costa, Diretor de Assuntos Institucionais e Inovação APIFARMA.
Maria do Carmo Neves deixou neste debate uma frase que de forma simples sumariza quase tudo o que se abordou: “Temos de discutir como criar riqueza para pagar a inovação”. E Tânia Furtado, entre outros comentários, falou sobre o “obstáculo de a decisão de financiamento estar separada da alocação de recursos”.
E se Erica Viegas, do Infarmed, disse “convictamente” que a Indústria Farmacêutica é um parceiro, Heitor Costa da APIFARMA não teve problemas em dizer que o Infarmed “é um parceiro que, às vezes, podia ser mais próximo e abraçar melhor”.
“Não é a inteligência artificial que me preocupa, mas a estupidez humana”. A frase, presente no suporte digital de João Tedim, worldwide sales & strategy director, data & AI na Microsoft.
Hoje, é a Inteligência Artificial, em particular o Chat GTP, que está a revolucionar o mundo. “Ele é capaz de ter uma conversa connosco, enquanto modelo é surpreendente porque foi treinado com toda a informação disponível na Internet até 2021”, referiu João Tedim, ao salientar que em pouco tempo esta ferramenta deixou de ser algo restrito para esta disponível para “qualquer pessoas, empresa ou arquiteto de software“.
Neste sentido, acredita o especialista, as organizações devem estar particularmente atentas às suas potencialidades. Principalmente pela sua “capacidade para filtrar o conteúdo” e ajustar-se às necessidades de negócio e de interesse da entidade. Da mesma forma que, consequentemente, se adapta às exigências e gostos do consumidor, ao seu usado em “cenários de hiperpersonalização”.
Nelson Pires, general manager na Jaba Recordati, e João Paulo Vaz, access partnering enabler & network navigator na Roche Farmacêutica foram os responsáveis por dois momentos de Key Takeaways em que traçaram os principais pontos de relevo nas apresentações.
Com cerca de duas centenas de participantes, a (R)evolução da Indústria Farmacêutica debateu um conjunto de temáticas, da economia aos grandes desafios de market acess, passando pela Inteligência Artificial e a retenção de talento em Portugal, sempre com as perspetivas de um melhor futuro em pano de fundo.
Rethinking Pharma 2023: As fotografias da (R)evolução da Indústria Farmacêutica
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