O Governo de Ruanda declarou hoje oficialmente o fim do surto da doença causada pelo vírus marburgo, semelhante ao ébola, que foi confirmado em 27 de setembro e causou a morte de 15 pessoas.
“Foi um longo caminho, mas agora chegámos ao fim do surto (de marburgo)”, anunciou, segundo a Lusa, o ministro da Saúde do Ruanda, Sabin Nsanzimana, num evento na capital, Kigali.
Quinta-feira “foi o 42.º dia sem um único caso de Marburgo. Por conseguinte, anunciamos que o Marburgo terminou no Ruanda”, declarou o ministro, referindo-se ao protocolo habitual para declarar o fim deste tipo de epidemia.
O último doente internado por marburgo teve alta a 08 de novembro, marcando o início de uma contagem decrescente de 42 dias.
O surto registou 66 casos confirmados, 15 mortes e 51 doentes recuperados.
“Este é um marco importante para o sistema de saúde pública do Ruanda. Embora lamentemos as vidas perdidas, sentimo-nos encorajados pelos progressos alcançados”, afirmou o ministro num comunicado.
Numa outra nota, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse hoje que quase 80% dos casos ocorreram entre os profissionais de saúde que foram infetados enquanto prestavam cuidados clínicos a colegas e outros pacientes.
“A forte resposta do Ruanda demonstra que a liderança empenhada, os esforços concertados dos parceiros e um sistema de saúde forte são cruciais para enfrentar as emergências de saúde pública, salvar e proteger vidas”, disse, também de acordo com a Lusa, o representante da OMS no Ruanda, Brian Chirombo.
A taxa de mortalidade de marburgo no Ruanda foi de 22,7%, “relativamente baixa em comparação com surtos anteriores na região”, afirmou o ministro ruandês, a 14 de novembro.
Em resumo
Tal como o ébola, o vírus de marburgo provoca hemorragias súbitas e pode causar a morte em poucos dias, com um período de incubação de dois a 21 dias e uma taxa de mortalidade que pode atingir os 88%.
Os morcegos frugívoros são os hospedeiros naturais deste vírus, que, quando transmitido aos seres humanos, pode ser disseminado por contacto direto com fluidos como o sangue, a saliva, o vómito ou a urina.
O primeiro doente do surto do Ruanda contraiu a doença numa gruta mineira perto de Kigali.
A África foi palco de duas epidemias de marburgo no ano passado: Uma na Guiné Equatorial, com 17 casos confirmados, incluindo 12 mortes, e outra na Tanzânia, com pelo menos nove casos (oito confirmados e um provável) e seis mortes.
Anteriormente, registaram-se casos noutros países, como o Gana, a Guiné-Conacri, o Uganda, Angola, a República Democrática do Congo, o Quénia e a África do Sul.
O vírus de marburgo é tão mortal como o ébola e estima-se que tenha matado mais de 3.500 pessoas em África.
A doença, para a qual não existe vacina nem tratamento específico, foi detetada em 1967 na cidade alemã de Marburgo – que deu origem ao nome – por técnicos de laboratório que foram infetados quando investigavam macacos trazidos do Uganda.