Ruanda reporta oito mortes devido ao vírus marburgo 164

O Ruanda reportou a morte de oito pessoas por infeção com o vírus marburgo, semelhante ao ébola e altamente contagioso, dias depois de ter declarado um surto da febre hemorrágica, que não tem vacina ou tratamento autorizado.

Até à data, foram confirmados 26 casos e oito das pessoas doentes morreram, informou o ministro ruandês da Saúde, Sabin Nsanzimana, no domingo à noite, segundo a Lusa.

A população do país foi aconselhada a evitar o contacto físico para ajudar a travar a propagação. Visto que foram identificadas cerca de 300 pessoas que entraram em contacto com as pessoas confirmadas como portadoras do vírus, tendo um número indeterminado delas sido colocado em instalações de isolamento.

Ruanda anuncia surto de vírus marburgo

 

A maioria das pessoas afetadas são profissionais de saúde em seis dos 30 distritos do país.

“Marburgo é uma doença rara”, afirmou Nsanzimana aos jornalistas. “Estamos a intensificar o rastreio de contactos e os testes para ajudar a travar a propagação”, acrescentou.

A origem da doença, de acordo com o ministro, ainda não foi determinada, sendo que uma pessoa infetada com o vírus pode demorar entre três dias e três semanas a apresentar sintomas.

Os sintomas incluem febre, dores musculares, diarreia, vómitos e, em alguns casos, morte por perda extrema de sangue.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a reforçar o seu apoio e irá trabalhar com as autoridades ruandesas para ajudar a travar a propagação da doença, disse no sábado o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, através da rede social X, especifica a Lusa.

 

A vacina

A BBC noticiou em julho último o lançamento dos primeiros testes de uma vacina em humanos, para os quais os investigadores estavam à procura de 46 voluntários para receberem doses da vacina ChAdOx1 Marburg, desenvolvida pela Universidade de Oxford – o Oxford Vaccine Group.

Esta vacina está a ser financiada pelo Ministério da Saúde e Assistência Social britânico, no âmbito da Rede de Vacinas do Reino Unido (UKVN), um programa de ajuda britânico que desenvolve vacinas para doenças com potencial epidémico em países de baixo e médio rendimento.

Teresa Lambe Obe, principal investigadora no programa, citada nesse artigo, afirmou que, “ainda que os surtos do vírus de marburgo sejam historicamente pequenos, a doença mortífera começou a espalhar-se mais e o potencial para causar uma pandemia e infligir sofrimento a muitas pessoas é uma verdadeira preocupação”.

Segundo a OMS, foram registados surtos de marburgo e casos individuais na Tanzânia, Guiné Equatorial, Angola, Congo, Quénia, África do Sul, Uganda e Gana.

 

O marburgo

Tal como o ébola, como explica a Lusa, o vírus de marburgo tem origem em morcegos frugívoros e propaga-se entre as pessoas através do contacto próximo com os fluidos corporais de indivíduos infetados ou com superfícies, como lençóis contaminados. Sem tratamento, o marburgo pode ser fatal em até 88% das pessoas que adoecem com a doença.

O vírus foi identificado pela primeira vez em 1967, depois de ter causado surtos simultâneos de doença em laboratórios de Marburgo, na Alemanha, e de Belgrado, na Sérvia. Morreram sete pessoas que foram expostas ao vírus durante a realização de investigação em macacos.