Sakellarides sublinha a necessidade de se pôr a saúde na agenda política 17 de Março de 2015 O presidente da Fundação para a Saúde, Constantino Sakellarides, criticou ontem em Coimbra o programa de ajustamento, por não antecipar os efeitos da crise na saúde, exigindo que se volte a pôr este setor na agenda política. Nos últimos quatro anos, assistiu-se a «um absolutismo financeiro», sendo necessárias políticas «mais compatíveis com o bem-estar» e em que a «saúde» seja um objetivo, disse Constantino Sakellarides, citado pela agência “Lusa”, salientando a importância de se repor uma «agenda da saúde». «Sob o risco de a saúde pública se tornar irrelevante», para Sakellarides é importante que esta «pese nas políticas do país». O presidente da Fundação para a Saúde frisou que o programa de ajustamento «tinha de ter sucesso obrigatório», não sendo baseado em factos e nem previu qualquer tipo de monitorização do impacto das políticas. Esta é uma das críticas de um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Observatório Europeu sobre Sistemas e Políticas de Saúde, do qual Sakellarides é um dos autores e que foi hoje apresentado em Coimbra, na sede da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM). Por não haver uma antecipação de efeitos, não foi feita uma monitorização e não se minimizaram os danos com uma intervenção precoce, apontou. O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, também presente na sessão de apresentação do estudo, corroborou a posição de Sakellarides, afirmando que se houvesse um acesso «transparente» a dados sobre a saúde nem seria necessário o estudo. «Além da verdade oficial, há uma realidade preocupante no terreno», protestou. A presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Marta Temido, presente na plateia, realçou que «a saúde saiu da agenda política da saúde», tendo sido substituída por «objetivos no curto prazo», que muito pouco têm que ver «com a saúde pública e com a saúde dos cidadãos». «Os objetivos na saúde não são o equilíbrio orçamental, mas a melhoria da qualidade de vida», notou. Pedro Graça, da Direção-Geral da Saúde, apontou para os efeitos da crise na própria cooperação, dizendo que «há mais tensão entre classes profissionais», referindo que estas trabalham «menos e pior de forma conjunta». Além desse aspeto, a experimentação na saúde é hoje «muito reprimida». O presidente da SRCOM, Carlos Cortes, alertou para o risco de se cair «no erro» do esquecimento das políticas que correm mal. «A teoria da negação pode ser perigosa», salientou. |