Sangue com Ébola roubado na Guiné-Conacri «perdido para sempre» 25 de novembro de 2014 Um responsável governamental da Guiné-Conacri admitiu ontem que o recipiente térmico contendo uma amostra de sangue infetada com o mortal vírus Ébola, roubado no caminho para um laboratório, dificilmente será recuperado, avançou a “Lusa”. Um bando de ladrões assaltou um táxi na semana passada, perto da cidade de Kissidougou, que transportava a amostra do município central de Kankan para Gueckedou, no sul do país, a cerca de 265 quilómetros de distância. «Estamos certos de que não conseguiremos encontrar esse recipiente térmico. Com a atenção da comunicação social em torno do caso, temos a certeza de que os bandidos já se livraram dele», disse Fode Tass Sylla, porta-voz da unidade governamental de resposta ao Ébola. Segundo Tass, o vírus não terá sobrevivido na amostra, embora diversos estudos tenham mostrado que ele pode manter-se vivo nos fluidos durante várias semanas, se não for exposto à luz solar. As autoridades da Guiné-Conacri exortaram os ladrões a devolver a amostra, recolhida da boca de um doente pouco depois de este ter morrido. O incidente fez soar os alarmes quanto à segurança do transporte de amostras do altamente virulento agente patogénico, que se estima matar cerca de 70 por cento dos infetados. «A maioria das amostras recolhidas na Guiné-Conacri nos últimos tempos chega-nos por transporte público», disse Sakoba Keita, o ministro encarregado da resposta governamental ao Ébola na Guiné-Conacri. «Embalamos as amostras três vezes e isolamo-las três vezes com fita adesiva antes de as colocarmos nas arcas térmicas. Esta amostra foi retirada da boca de uma vítima em Kankan, antes do seu funeral», explicou. «Lamentamos este acontecimento, porque ele representa um verdadeiro perigo para a população. É um produto biológico considerado perigoso pela Organização Mundial de Saúde», acrescentou Keita. De acordo com o ministro, se a amostra tiver sido deitada fora num local com exposição direta ao sol, o vírus não durará mais de uma semana e não poderá ser transmitido pelo ar. «O verdadeiro risco é que outras pessoas toquem na arca térmica e tenham contacto com o líquido», observou. «Entretanto, pedimos à polícia para nos ajudar a garantir que um caso destes nunca mais se repete», sublinhou. |