O sangue do cordão umbilical expandido em laboratório revelou potencial para curar anemia falciforme em crianças, de acordo com os resultados de um ensaio clínico publicados na revista científica Blood Advances. Esta é uma possível alternativa ao transplante de medúla óssea, o único tratamento capaz de curar os casos mais graves da doença, mas ao qual a maioria dos doentes não consegue recorrer por não encontrar dador compatível.
A anemia falciforme é uma doença hereditária que se caracteriza pela alteração do formato dos glóbulos vermelhos para a forma de foice, e conduz a múltiplos problemas de saúde, crises dolorosas e mortalidade precoce. Todos os anos, aproximadamente 300 mil crianças nascem com anemia falcifome, em todo o mundo. Apesar de a incidência ter vindo a aumentar na Europa e nos EUA, a anemia falciforme continua a ser mais prevalente em países africanos e na Índia.
De acordo com a Dr.ª Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “o sangue do cordão umbilical é uma fonte de células estaminais atrativa para transplante, devido à sua acessibilidade e à possibilidade de serem permitidas algumas discrepâncias de compatibilidade entre dador e doente”. “A utilização de sangue do cordão umbilical expandido, que resulta da multiplicação das células estaminais em laboratório, antes do transplante, é uma das estratégias emergentes neste campo da medicina que promete trazer benefício para os doentes, como podemos verificar neste estudo”, explica.
Neste estudo preliminar, foram envolvidas 16 crianças, dos 3 aos 17 anos, com anemia falciforme grave, elegíveis para transplante. Tratando-se de um estudo piloto, numa primeira fase, 13 crianças foram transplantadas com um produto de sangue do cordão umbilical expandido em laboratório, designado Omidubicel, em conjunto com sangue do cordão umbilical não expandido. Posteriormente, três crianças foram transplantadas apenas com Omidubicel.
Os resultados mostram que os transplantes de sangue do cordão umbilical expandido resultaram na rápida reconstituição do sistema imunitário em todos os doentes, um fator determinante para a sobrevivência, que se manteve em 88%. Globalmente, 81% dos doentes com anemia falciforme grave sobreviveram, com reconstituição imunológica derivada das células do sangue do cordão umbilical, tendo ficado, assim, livres da doença e de todas as suas manifestações.
Os autores do estudo sublinham que, apesar da elevada taxa de doença do enxerto contra o hospedeiro verificada, foi possível solucionar esta complicação através dos tratamentos administrados. No entanto, em futuros estudos, outras medidas devem ser consideradas de forma a reduzir a incidência desta situação no período pós-transplante.
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