Sanofi quer produtos totalmente concebidos de forma ecológica até 2025 e vacinas sem blisters até 2027 335

A Sanofi, tendo como ambição a neutralidade carbónica em 2030, pretende ter “100% das vacinas sem blisters até 2027” e que “100% dos nossos produtos sejam concebidos de forma ecológica até 2025”, garantiu Helena Freitas, country lead na Sanofi Portugal.

A responsável falava durante o evento online, da responsabilidade da Secção Regional do Sul e das Regiões Autónomas da Ordem dos Farmacêuticos (SRSRA-OF), “OneHealth – Ambiente, Saúde e Sustentabilidade: que Futuro?”, que aconteceu na passada terça-feira, especificando que a Sanofi pretende melhorar o perfil ambiental dos seus produtos, “ao fornecer produtos eco-inovadores e ao promover uma utilização sustentável dos medicamentos e a eliminação correta de medicamentos e dispositivos médicos não utilizados”.

Outro dos compromissos do laboratório farmacêutico é a aposta em “soluções circulares, otimizando a utilização/reutilização de recursos e reduzindo o impacto das emissões”.

Helena Freitas destacou ainda a relevância “de um melhor planeamento/estimativa das necessidades de vacinas por parte das autoridades de saúde, algo que poderia poupar até 800 mil vacinas e evitar a produção de plástico em conformidade”.

Evitar devoluções, “até 10-15%, poderia poupar até 3,4 milhões de vacinas destruídas e 319-478 toneladas de CO2 por ano”, referiu também a country lead, alertando para a necessidade da “revisão dos critérios relativos às agulhas suplementares, que poderá poupar até 10 milhões de agulhas suplementares por ano, apenas para as vacinas Meningo, Ped combinada e de reforço”.

A companhia quer ainda alcançar “zero emissões líquidas até 2045, através da redução de gases com efeito estufa, adotando fontes renováveis de eletricidade e promovendo uma frota ecológica”.

Na verdade, como revelou Judite Gonçalves, da Associação Portuguesa de Economia da Saúde, e outra das oradoras do evento, “aumentar em apenas 10% o investimento em infraestrutura atual e global (menos do que gastamos anualmente a subsidiar combustíveis fósseis) permitiria limitar o aumento da temperatura global a 2.ºC”.

 

Como atuar

Para a farmacêutica Sónia Vidal, representante da OF na FIP na revisão da declaração Environmentally Sustainable Pharmacy Practice: Green Pharmacy, “os farmacêuticos podem atuar em todas as áreas”, lembrando que “os cuidados de saúde têm uma grande pegada ecológica, que se deve muito ao consumo do tipo de energia, nomeadamente combustíveis fósseis”.

A farmacêutica apontou algumas medidas que podem ser postas em práticas em várias áreas, desde a indústria, passando pela farmácia comunitária, formação e investigação:

– “Redução do tamanho das embalagens.”

– “Minimização do consumo de medicamentos, apostando na prevenção (como as vacinas), para ter menos pessoas doentes.”

– “Redução da utilização do plástico.”

– “Inaladores com menor pegada ecológica.”

– “Sistemas de capturas de gases anestésicos.”

– “Produção industrial mais ecológica, ao nível de instalações ou processos.”

– “Meios de diagnóstico com menor impacto ambiental e uso de produtos biodegradáveis. Reutilização e reciclagem dos equipamentos utilizados.”

– “Investigação: desenvolvimento de sistemas de monitorização e medição dos impactos no meio ambiente, nomeadamente ao nível do tratamento dos resíduos sólidos e líquidos.”

– “A farmácia comunitária é crucial porque tem mais contacto com o público, logo tem uma melhor possibilidade de formação do público em geral nestas matérias.”

– “Implementação de sistemas de recolha e tratamento nas farmácias, que já se faz dos medicamentos, mas que podemos fazer melhor, nomeadamente em termos da recolha de embalagens de inaladores.”

– “No caso da formação, incluir nos currículos da formação pré-graduada o tratamento de resíduos; e no caso da pós-graduada, haver também formação porque a iliteracia ambiental geral é muito grande e ainda maior ao nível da dos cuidados de saúde.”