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São mais os transplantes renais do que os novos doentes que entram para a lista de espera

29 de Julho de 2016

Portugal está a realizar mais transplantes renais do que os novos doentes que entram em lista de espera, o que vai «contribuindo progressivamente» para a sua diminuição, disse à “Lusa” a coordenadora nacional da transplantação, Ana França.

Este ano já foram realizados em Portugal, 278 transplantes renais, 155 transplantes hepáticos, 16 transplantes de pâncreas, nove de pulmão e 20 de coração, adiantou Ana França, no final de uma visita ao Centro Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação, do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde acompanhou o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.

Segundo Ana França, esta resposta visa «fazer diminuir as listas de espera», essencialmente dos doentes renais e hepáticos.

No final de dezembro, havia 158 doentes à espera de um transplante de fígado, tendo sido realizados 155 nos primeiros seis meses do ano, «o que quer dizer que a resposta está dada em relação à lista de espera que havia», sublinhou.

«Em relação ao transplante renal, estamos a melhorar», disse Ana França, salientando: «Estamos a ter mais transplante dos que os novos doentes que entram em lista de espera, o que vai contribuindo progressivamente para a sua diminuição».

Também a resposta à transplantação hepática «é perfeitamente adequada às necessidades».

Relativamente ao número de dadores de órgãos, Ana França disse que foram 189, no primeiro semestre, mais 17% face ao período homólogo do ano passado.

«Em termos de colheita de órgãos, temos mais 14%», tendo sido transplantados 478 órgãos, mais 22%.

No final da deslocação, o secretário de Estado da Saúde disse que a visita visou dar «um sinal de apoio e de reconhecimento» ao trabalho realizado no hospital, ao nível da transplantação, um dos setores que mais se desenvolveu nos últimos anos em Portugal.

«Nos últimos quatro anos houve uma diminuição sensível dos transplantes em todas as áreas, mas este ano, até com nossa surpresa, porque não se esperaria um desenvolvimento tão robusto da transplantação em Portugal, nós temos resultados espantosos».

Como razões para estes resultados, Manuel Delgado apontou «a qualidade da recolha de órgãos» e o trabalho feito pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação, a coordenadora nacional da transplantação e a equipa clínica.

«Este centro faz mais de 55% dos transplantes de fígado realizados em Portugal», salientou.

O coordenador do centro de transplantação, Américo Martins, adiantou à “Lusa” que foram realizados 90 transplantes no hospital este ano, quando nos anos anteriores eram, em média, 60.

«Estamos a fazer 120, a 130 transplantes anualmente nos últimos quatro anos», disse o médico.

Para estes resultados, foi determinante o «aumento significativo dos dadores» de fígado, um órgão que «não tem idade».

«O fígado pode durar 120 a 130 anos, o corpo da pessoa é que não vive”, disse, explicando que uma pessoa de 90 anos, se tiver o fígado a funcionar bem, pode ser dador».

As listas de espera também diminuíram: Enquanto há três ou quatro anos, tínhamos 120, 130 pessoas em lista de espera, agora temos cerca de 40 a 50, disse o médico.

O secretário da Saúde destacou ainda os resultados obtidos com o novo tratamento para a hepatite C, uma das causas da cirrose de fígado que leva à necessidade de um transplante.

Segundo Manuel Delgado, o custo do tratamento é elevado para o Estado, (entre 40 a 100 mil euros por doente tratado), mas «os resultados têm sido muito positivos», com um nível de cura na ordem dos 95,97% dos casos.

«Temos cerca de 7.000 doentes que iniciaram a nova terapêutica, dos quais 3.000 ficaram curados. Apenas 122 não tiveram cura e mantêm outro tipo de terapêuticas», sustentou.

«É um esforço brutal», mas o objetivo é «erradicar a hepatite C em Portugal», rematou.