Cerca de 90% dos medicamentos vendidos na rua em São Tomé e Príncipe e alguns dos comercializados nos hospitais e centros de saúde são contrafeitos, denunciou uma responsável do ministério da Saúde são-tomense.
De acordo com Vânia Castro, farmacêutica do Ministério do Saúde, «mesmo dentro do sistema legal de saúde existem medicamentos contrafeitos», neste caso «importados». Os únicos medicamentos produzidos em São Tomé e Príncipe são os da medicina tradicional, os quais o Ministério da Saúde também pretende regular.
O representante da Inspeção das Atividades Económicas, Henri Mendes, reconheceu à agência “Lusa” que o sistema de controlo de entrada desses medicamentos no país não funciona.
«Realmente há pouco controlo dessa situação, mas acredito que o Governo tem trabalhado para encontrar uma solução», disse Henri Mendes, sublinhando tratar-se de «um problema que realmente afeta o país e a população» e que só pode ser resolvido com a «criação de políticas e legislação».
«Os medicamentos são coisas sensíveis, devem ser armazenados e conservados a temperaturas adequadas, não podem ser vendidos como estão a ser vendidos. É criar legislações e políticas para eliminar este tipo de negócio e reintegrar as pessoas que o pratica num outro ramo de atividade profissional», defendeu o responsável.
Em São Tomé existe um grupo composto por cerca de 30 jovens vendedores de medicamentos nas ruas da capital. Estão constituídos em associação, reconhecida pelas autoridades.
«Não entendem da matéria, não são farmacêuticos, nem técnicos de farmácias, lidam diariamente com medicamentos, vendem para a população que, também ao comprar, podem colocar em risco a sua saúde», lamentou Henri Mendes.
Há pouco mais de 10 anos, uma cidadã do distrito de Lobata, norte do país, perdeu dois filhos, depois de medicá-los com remédios comprados na rua. O caso foi parar ao tribunal e o Estado são-tomense foi condenado a uma indemnização a favor da vítima, superior a 8.000 euros.