Saúde com mais dinheiro no Nordeste Transmontano
23 de julho de 2014
O presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) anunciou ontem que o Governo reconheceu o subfinanciamento desta instituição com um reforço de verbas que permitirá o equilíbrio das contas em 2014.
Desde que a ULSNE foi criada para gerir a saúde nesta região, há dois anos e meio, que tanto administração como outros agentes locais, nomeadamente autarquias, reclamavam do orçamento atribuído por entenderem ser insuficiente para fazer face aos custos dos cuidados prestados.
O presidente do conselho de administração, António Marcôa, adiantou ontem, num balanço de dois anos de mandato, que os esforços locais deram resultados e que acabou de receber o contrato de financiamento da tutela para o próximo ano, com um aumento do orçamento.
Segundo explicou, esse aumento resulta de o Ministério da Saúde não aplicar à ULSNE a redução orçamental geral de 3,5% e ter ainda atribuído um valor de convergência superior a cinco milhões de euros, equivalente ao aumento da capitação em 37 euros por habitante.
Até aqui, a ULSNE recebia 535 euros por habitante, um valor que estava previsto ser reduzido para 516 euros em 2014, com a saída de Vila Nova de Foz Côa da gestão, mas que será aumentado para 572 euros por habitante com o reforço financeiro.
Apesar de em relação a outras unidades com as mesmas características, a do Nordeste continuar a ser a que tem menor capitação, o administrador garantiu que este reforço permitirá pela primeira vez na última década terminar o ano de 2014 com um saldo nulo e sem acumular dívida.
«Pela primeira vez teremos condições para pagar os compromissos assumidos e a dívida não será aumentada», afirmou, garantindo que «doravante toda e qualquer fatura que é emitida mensalmente é religiosamente paga».
Por resolver está contudo dívida antiga acumulada que ultrapassa os 20 milhões de euros e que António Marçôa reconheceu que só será possível amortizar com a ajuda de programas especiais como aconteceu recentemente, em que o Ministério da Saúde abateu parte da dívida destas entidades, medida de que também beneficiou a ULSNE.
De acordo com a vogal da ULSNE, Aida Palas, «ainda há fornecedores a quem não foram pagas faturas de 2011», concretizando que se trata sobretudo da Indústria Farmacêutica, com quem a instituição vai negociando perante algumas ameaças que confirmou já terem existido de suspensão de fornecimento.
A administradora ressalvou, contudo que «há fornecedores a quem a ULENE paga a 60 dias», mas concretizou que o tempo médio de pagamento está «nos 400 dias».
As características da região com um vasto território e dispersão geográfica dos cerca de 140 mil utentes servidos por três hospitais e 14 centros de saúde aumentam, segundo os responsáveis, os custos da saúde e foram sempre apontadas como justificativas da necessidade do reforço de verbas.