Começa a parecer inevitável refletir, quase diariamente, nas consequências resultantes da pandemia de COVID-19, sejam elas de índole económica, ambiental ou social. Dentro destas, dificilmente se descartam as sequelas a nível da saúde mental dos profissionais de saúde, dos Estudantes e de todas as pessoas que viram a sua vida confinada no último ano.
Diversos estudos mostram que o estado da saúde mental global se terá agravado com a pandemia, seja devido ao receio de, o próprio ou os familiares, serem afetados pela doença; pelo distanciamento social que era requerido com vista à diminuição do número de infeções que nos transportou para uma rotina de aulas online e teletrabalho; e, entre outros, também o sentimento de preocupação para com o Futuro.
A sobrecarga e o stress associado às funções desempenhadas pelos profissionais de saúde na prestação de cuidados durante a pandemia tem sido reconhecido pelas entidades reguladoras de saúde como um flagelo que merece ser alvo de atenção. Importa, em primeira instância, produzir evidência sobre o verdadeiro impacto da pandemia nos profissionais de saúde em Portugal, e nas diversas áreas de atuação. Questiono-me: ‘’Qual o impacto que a pandemia COVID-19 teve nos Farmacêuticos dos Cuidados de Saúde?’’ Ao realizar uma pesquisa rápida, deparo-me com diversa informação relativamente ao papel, inquestionável, que o Farmacêutico tem na promoção e prevenção da saúde mental e na própria resolução da doença. No entanto, é facto que escasseia evidência relativamente ao impacto da pandemia na saúde mental destes profissionais que, rapidamente, se adaptaram às exigências do período pandémico.
Por outro lado, há que atentar o impacto que a alteração de hábitos, a escassez do contacto (físico) com os colegas e de vivências académicas, a preocupação com o futuro e com o reconhecimento profissional, bem como o desassossego motivado por alteração das condições económicas, teve na saúde mental dos jovens. São vários os relatos que comprovam um agravamento do estado mental dos indivíduos das faixas etárias mais jovens, que, naturalmente, suscitam preocupação. Com base nisto, é necessário procurar reforçar os serviços de apoio psicológico para jovens, por exemplo nas Instituições de Ensino Superior, para que nunca a dificuldade na procura de apoio psicológico, ou uma situação desfavorável a nível económico, contribuam para a exacerbação da saúde mental dos jovens que assegurarão o futuro.
Procuremos sempre relembrar que, aos olhos da Organização Mundial de Saúde, a saúde é definida como ‘’O estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou efemeridade’’. Que nunca mais a saúde mental seja o parente pobre da área da saúde!
Carolina Simão
Presidente da Direção APEF – Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia