Saúde mental nas farmácias: “Perceber as expectativas manifestadas pelos utentes” e “as necessidades não transmitidas” 89

Para Ema Paulino, as farmácias podem desempenhar um papel ainda mais relevante no aconselhamento de muitos cidadãos para os direcionar para outras especialidades clínicas, especificamente, de saúde mental.

A presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), que falava durante o 1º Forbes Health Care Summit, que aconteceu, no passado dia 17, em Lisboa, salientou ainda, segundo noticiado no site da Forbes Portugal, que “temos de ir mais a fundo”.

Neste sentido, abordou o protocolo firmado em outubro de 2022 com a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) que, neste momento, se encontra na “fase 1”, de melhorar a própria saúde mental das equipas das farmácias: “Esse protocolo tem que ver, numa primeira fase, com o bem-estar do profissional de saúde e do cuidador. Para cuidarmos dos outros, temos que estar nos próprios bem. Estamos nesta fase de capacitar as equipas das farmácias”.

Já na segunda fase do programa, ainda de acordo com Ema Paulino, pretende-se que o farmacêutico saiba “interpretar o contexto do utente, mediante as solicitações e as interações que tem com os pacientes, fazendo uma abordagem que convide a pessoa a partilhar consigo [as suas preocupações] para percebermos se o farmacêutico tem competência ou se tem de direcionar o assunto para outro profissional”.

A Presidente da ANF sublinhou que a aquisição destes conhecimentos pelos farmacêuticos é indispensável, pois as pessoas que vão às farmácias têm “diferentes necessidades” e os profissionais que nelas trabalham “têm de perceber as expectativas manifestadas pelos utentes, mas também têm de perceber as necessidades não transmitidas. Temos de aprender a fazê-lo de forma rápida, usando estratégias para tal, para adequar o tratamento ao que se pretende”.

Para Ema Paulino, o contacto das farmácias com os utentes, “não são oportunidades de intervenção”, mas “responsabilidades de intervenção”, independentemente da zona do país em questão.

A presidente da ANF alertou ainda que a terapêutica, na área da saúde mental, tem de evoluir, no sentido de reduzir os efeitos secundários da medicação e “interferir menos com a vida das pessoas”: “A área dos medicamentos da saúde mental é a que tem um maior abandono da terapêutica”, devendo-se isso, em parte, às características desses medicamentos.