Seguro: Quem trabalha na saúde pública deve fazê-lo em exclusividade 518

Seguro: Quem trabalha na saúde pública deve fazê-lo em exclusividade

11-Fev-2014

O secretário-geral do PS manifestou hoje apreensão face à situação da saúde em Portugal, defendendo uma maior integração entre cuidados primários, cuidados continuados e centros hospitalares, e uma progressiva separação entre público e privado neste setor.

António José Seguro falava aos jornalistas após uma vista de hora e meia ao Hospital Amadora/Sintra, durante a qual esteve acompanhado pelos dirigentes socialistas Álvaro Beleza, Marcos Perestrello, Joaquim Raposo, pelos deputados do PS Luísa Salgueiro e Filipe Neto Brandão, e pela presidente da Câmara da Amadora, Carla Tavares.

No final da visita ao Hospital Amadora/Sintra, o secretário-geral do PS manifestou a sua apreensão pela situação no setor da saúde, alegando que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sido privado de importantes recursos públicos, já que estava previsto «um corte na ordem dos 925 milhões de euros, mas acabaram por ser cortados ainda mais 700 milhões» de euros.

«A esta situação de rutura em algumas unidades do SNS, que é reportada por utentes, médicos e outros profissionais, ainda se junta um problema de natureza social. É preciso que haja uma integração das unidades de saúde, envolvendo os cuidados primários, os centros hospitalares e as unidades de cuidados continuados», defendeu, citado pela “Lusa”.

Neste ponto relacionado com a gestão do sistema, António José Seguro referiu também que entre os serviços de segurança social e de saúde tem de ser operada «uma distinção entre o que é social e o que são cuidados de saúde a prestar».

«Há pessoas que vão até aos hospitais porque não têm condições em casa, ou porque não dispõem de recursos para fazer face à alimentação e aos gastos com medicamentos, ou ainda porque as suas famílias não têm condições para cuidar deles», apontou o líder socialista a título de exemplo.

António José Seguro defendeu depois uma progressiva «separação de águas entre os setores privados e público» na área da saúde. «Para futuro, consideramos que deve haver uma incompatibilidade para os profissionais da área da saúde. Quem trabalha num hospital público ou no serviço público deve fazê-lo em exclusividade de funções e não ter outra atividade no privado», advogou.

Na perspetiva do secretário-geral do PS, uma separação entre as esferas pública e privada, «é importante para garantir um melhor aproveitamento da capacidade instalada em todas as unidades de saúde».

«Costumo dizer que uma lista de espera no SNS corresponde a uma carteira de clientes no privado. É fundamental que haja uma separação de águas», vincou António José Seguro. Nas declarações que fez aos jornalistas, o secretário-geral do PS ressalvou que não defende uma aplicação imediata das incompatibilidades entre os vínculos público e privado no setor da saúde.

A incompatibilidade «pode aplicar-se aos novos contratos. Em relação aos contratos que estão em vigor, deverá fazer-se uma progressiva saída de uma forma sustentável», referiu.

Interrogado pelos jornalistas sobre a existência de duas situações graves recentes ocorridas no Hospital Amadora/Sintra – uma nas urgências e outra com uma doente com cancro – que tiveram consequências fatais por demora no atendimento, Seguro transmitiu a informação que lhe foi fornecida pela administração do hospital.

«Fizemos perguntas sobre esses casos – e esses casos foram extremamente graves. A administração do hospital disse-nos que se trataram de casos isolados. De qualquer maneira são casos extremamente graves», frisou António José Seguro.