Seguros de saúde não cobrem tratamento do Ébola 604

Seguros de saúde não cobrem tratamento do Ébola

22 de outubro de 2014

Por se tratar de uma epidemia reconhecida oficialmente pela Organização Mundial de Saúde, o surto de Ébola passa a estar automaticamente excluído das coberturas dos seguros de saúde. O mesmo já tinha acontecido com a Gripe A em 2009.

Os eventuais tratamentos necessários para doentes infetados com o vírus do Ébola não estão cobertos pelos seguros de saúde comercializados em Portugal, apurou o “OJE”. Por se tratar de uma doença que assume um caráter pandémico, o Ébola passa a estar incluído na lista de doenças excluída da abrangência das apólices de seguros de saúde. A informação foi confirmada ao “OJE” pela Associação Portuguesa de Seguradores, mas Pedro Seixas Vale, presidente da associação, sublinhou que «a não cobertura das despesas de tratamento com o Ébola deve-se não ao facto de se tratar de uma doença infetocontagiosa, mas sim ao facto de assumir um caráter pandémico».

Em causa está a imprevisibilidade dos custos que os tratamentos de uma epidemia poderiam assumir para as companhias de seguros, o que poderia, no limite, colocar em causa a sustentabilidade das próprias empresas e a sua capacidade de fazer face aos compromissos assumidos com os restantes clientes. Além disso, o próprio prémio da apólice passaria a ser muito difícil de calcular para os operadores.

«É extremamente difícil um segurador poder medir o risco de uma pandemia, quer quanto à frequência, quer quanto à extensão ou custo. Torna-se, por isso, extraordinariamente difícil quantificar o risco e estabelecer um preço correto e transparente para cada cidadão», detalhou Pedro Seixas Vale, em declarações ao “OJE”.

Foi a 8 de agosto que a Organização Mundial de Saúde declarou a epidemia em estado de emergência internacional de saúde pública. Desde esse dia, o Ébola passou a configurar uma exclusão prevista nas apólices de seguro de saúde, tal como já havia acontecido em 2009, quando Portugal se viu afetado pela epidemia de Gripe A. Também nessa época, os tratamentos das pessoas infetadas deixaram de estar cobertos por seguros de saúde, embora em causa estivessem apenas analgésicos e antipiréticos comuns.

No caso do Ébola, não se conhecem ainda tratamentos comprovadamente eficazes e os relatos de cura estão ainda relacionados com medicação experimental.