Há duas semanas teve lugar a cerimónia de entrega dos Prémios Almofariz, que, como sabemos, distingue e premeia o que de melhor se fez na profissão nas mais diversas áreas, desde os produtos inovadores aos programas de intervenção na saúde, aos laboratórios, às farmácias, e às pessoas, enquanto profissionais.
Ao fim de 21 anos da iniciativa da revista Farmácia Distribuição, este prémio continua a ser uma referência na atividade de todo o setor, e não raras vezes se ouve ou lê, que tal pessoa, laboratório ou produto foi distinguido com o Prémio Almofariz, como forma de evidenciar o “selo de qualidade”.
Estamos habituados a que este tipo de iniciativas, independentemente da área de desempenho, sejam promovidos por organizações profissionais, oficiais ou privadas, fundações, ou outras, mas no nosso setor esta iniciativa cabe a uma publicação, que há 21 anos teve o rasgo de criar esta distinção que tanto prestigia a classe.
Que eu saiba é caso único, pelo menos no que concerne à área da Saúde, o que ainda mais enaltece o facto.
Enquanto farmacêutica agradeço à FD, e felicito os distinguidos.
– Um artigo que li há poucos dias, abordava o facto de hoje as bibliotecas pessoais estarem em vias de extinção, porque os inúmeros livros e revistas que vamos acumulando ao longo dos anos, estão votadas ao abandono e ao pó das estantes onde foram colocados, pois o mundo virtual, global e abrangente, mudou completamente os hábitos de consulta e estudo de todos. Por isso mesmo, o autor do artigo tinha oferecido milhares de exemplares de revistas e livros a instituições, reservando para si, apenas aqueles poucos que levava sempre consigo para onde quer que fosse, dizia ele – por razões de afetividade-para com os mesmos.
– No recente processo de implementação de metodologia Kaizen e 5S, na farmácia, a primeira etapa do método – 5S – Triagem (SEIRI) – recomenda que nos descartemos de tudo o que não tem uso frequente, ocupe espaço, e acumule pó etc, etc.
Assim, metemos mãos à obra, e de facto foi impressionante a enorme quantidade – de tudo o que se possa imaginar- que fomos acumulando, e que teve como destino a reciclagem.
Depois de tudo limpo, arrumado, e bonito, de acordo com as recomendações da metodologia, uma estante do nosso refeitório, mantinha-se repleta de inúmeros exemplares de uma publicação mensal, contrastando com o minimalismo que tínhamos imposto ao espaço.
Ali, naquela estante o – SEIRI – não tinha aplicação, porque as centenas de exemplares FD que lá estão, naturalmente que para nós, saem fora do âmbito da filosofia 5S em qualquer etapa do processo.
Lembrei-me do autor do artigo, que leva consigo revistas e livros por razões de afetividade, e não resisti em partilhar convosco.
Afinal nem tudo tem de ser “by the book”…
Helena Amado, farmacêutica