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Semana Europeia sensibiliza médicos e população para cancro de cabeça e pescoço

16 de Setembro de 2015

O Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço vai realizar ações junto de médicos, doentes e restante população que visam sensibilizar para uma doença que é passível de ser curada se for diagnosticada numa fase inicial.

 

As ações de sensibilização fazem parte da terceira Semana Europeia de Luta Contra o Cancro de Cabeça e Pescoço, que decorre de 21 a 25 de setembro e tem como objetivo «promover a educação para prevenção, sinais e sintomas» de uma doença que mata três portugueses por dia.

 

Em declarações à agência “Lusa”, a presidente do Grupo de Estudos de Cancro de Cabeça e Pescoço, Ana Castro, destacou a importância de sensibilizar a população para os sinais e sintomas desta doença, que se for tratada inicialmente os doentes podem ter uma taxa de sobrevivência entre os 80 e os 90%.

 

«O nosso problema é que anualmente temos cerca de 3.000 novos casos diagnosticados, mas a grande maioria deles em estádios muito avançados, isto leva a que tenhamos muito menos gente a sobreviver e a sobreviver com uma qualidade de vida pior devido à necessidade dos tratamentos que têm que fazer», disse Ana Castro.

Esta situação deve-se, muitas vezes, «ao pouco conhecimento» da população em geral sobre o cancro de cabeça e pescoço, mas também dos profissionais de saúde «que não estão tão alerta para esta doença, porque não é tão falada».

 

«O cancro da mama, toda a gente conhece, assim como o do cólon e da próstata, mas o da cabeça e pescoço algumas pessoas não sabem bem onde se localizam, acham que são tumores do cérebro», comentou.

 

Este ano, a iniciativa apostou na formação dos médicos de medicina geral e familiar com «uma sessão que ajuda a identificar lesões precoces para um diagnóstico precoce».

 

«São a primeira porta do doente, mas não têm uma formação específica nesta área. O nosso papel é ajudá-los nessa área para serem mais eficientes no diagnóstico que fazem» e para isso preciso de «ter mais armas, mais confiança e mais informação», defendeu Ana Castro.

 

Feridas, aftas, nódulos do pescoço, uma dor de garganta ou ouvido que se prolonga, o nariz entupido só de um dos lados por mais de três semanas e rouquidão persistente são sintomas que devem ser analisados pelo médico.

 

Ana Castro adiantou que esta doença está muito associada ao consumo de tabaco e de álcool, mas começam a observar-se mais casos em pessoas com menos de 40 anos e que não têm nenhum destes fatores de risco.

 

Na origem destes casos pode estar o papiloma vírus humano (HPV). «Pela primeira vez, começa a falar-se na associação deste vírus com os carcinomas da cavidade oral e da orofaringe», sublinhou.

 

A Semana Europeia, que tem o apoio da Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço, vai apostar nas redes sociais com a finalidade de “Unir Vozes” por estes doentes, de forma a capacitá-los e mostrá-los que «não estão a sofrer sozinhos».

 

Será também lançado o Planeta Dentix, um projeto infanto-juvenil que ensina às crianças a importância de manter uma boa higiene oral.

 

O cancro de cabeça e pescoço é o 6º mais comum em todo o mundo e mata mais de 62.000 pessoas em toda a Europa, anualmente.