Na 8ª edição do Seminário de Saúde da GS1 Portugal estiveram presentes Apifarma, Infarmed, Cruz Vermelha, Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) e UNICEF para discutir o tema “Desafios em Tempos de emergência”.
Concluiu-se que os três pilares que asseguram a resposta imediata e eficaz em tempos de crise, seja sanitária ou humanitária são a antecipação, comunicação e isenção.
“Assistimos à evolução das cadeias logísticas, mas, quando chegamos a determinados locais, as dificuldades mantêm-se: é necessário planeamento e antecipação”, defendeu Gonçalo Orfão, coordenador Nacional de Emergência da Cruz Vermelha.
Já o Infarmed defendeu que, “enquanto regulador, todas as medidas adotadas foram no sentido de agilizar o acesso a medicamentos de toda a população. Isso foi conseguido nas diferentes fases da pandemia, sempre num curto espaço de tempo. A reserva estratégica de medicamentos foi criada logo no início da pandemia, dos confinamentos e dos primeiros sinais de pressão sobre o sistema de saúde”, indicou Vasco Bettencourt, diretor da Unidade de Licenciamentos.
Tão importante como a antecipação das necessidades é a comunicação, como apontou Luísa Motta, Diretora de Marketing e Fundraising da UNICEF.
Neste sentido, foram dados como exemplo os apoios da sociedade civil às instituições humanitárias, através de donativos materiais, como roupa, podem nem sempre ser úteis, por muito bem-intencionados que sejam. Isto porque, como explicaram os oradores, “aquilo que nos chega ao terreno não é aquilo que precisamos para dar resposta”. Não sendo aquilo que está em falta no terreno, “acaba por criar, em muitas organizações que não tinham uma estrutura preparada, a necessidade de criar condições logísticas, muitas vezes desnecessárias, em termos de energia gasta e desfoque em relação àquilo que é a missão destas organizações. Portanto, o querer fazer qualquer coisa não significa necessariamente fazer o correto”.
Por essa razão “a Cruz Vermelha não aceita doações em bens, pela dificuldade de fazer toda a rastreabilidade e assegurar que esses donativos materiais venham a ser usados”.
Já Heitor Costa, diretor de Inovação da Apifarma, alertou para os impactos que o atual conflito na Ucrânia tem tido sobre as cadeias de abastecimento na saúde. Apesar de não antever disrupções nas cadeias de abastecimento, dado que “o impacto dos dois países [Rússia e Ucrânia] na capacidade de produção, distribuição e logística é residual”, salienta que o aumento dos custos da energia tem impactado os custos de produção de medicamentos e dispositivos médicos, o que faz da fixação de preços algo “não compaginável” com a atual situação.
O Seminário de Saúde da GS1 Portugal contou também com uma apresentação do estudo anual que a Deloitte faz para o setor da saúde. Miguel Rodrigues, Senior Manager da consultora, indicou que os principais desafios para o setor passam pela “equidade na saúde; mudanças climáticas; saúde mental, transformação digital e o futuro das ciências médicas”.
“O setor [da Saúde] é grande demais para que existam transformações repentinas”, contudo “iremos ver avanços em todos os aspetos ligados com utilização da tecnologia, acelerando diversos processos dentro do setor, como a transformação das cadeias de abastecimento e a deslocalização dos “labs” para junto dos pacientes”, concluiu Miguel Rodrigues.
O evento terminou com a partilha de uma mensagem por parte de Geraldine Lissalde Bonnet, Vice-Presidente da GS1 Healthcare, que reforçou a importância da adoção de standards GS1 para que a comunicação e partilha de informação seja interoperável e uniformizada, à escala global.
“Tanto a pandemia como o atual conflito mostraram-nos a importância da cooperação e da interoperabilidade. Precisamos de confiança para a criação de uma cadeia de valor realmente eficaz. Os standards da GS1 são facilitadores que podem – e devem – ser utilizados por todos os stakeholders de qualquer cadeia de valor, de modo que, à escala mundial, possamos viabilizar a interoperabilidade, os processos colaborativos e acelerar a transição digital”, concluiu.