SEP: Greve dos enfermeiros com adesão de 78,6 por cento 398

SEP: Greve dos enfermeiros com adesão de 78,6 por cento

14 de novembro de 2014

A greve dos enfermeiros registou hoje uma adesão de 78,6 por cento durante o turno da noite, disse à “Lusa” fonte sindical, considerando que esta é «boa resposta» ao apelo de desmobilização feito pelo ministro da Saúde.

«Não desconvocámos a greve, os enfermeiros estão a aderir em força e, como é habitual, os serviços mínimos estão assegurados, portanto não há qualquer problema com os doentes», disse à agência “Lusa” José Carlos Martins, do Sindicato dos Enfermeiros.

De acordo com o dirigente sindical, os doentes estão a ter «as adequadas e necessárias respostas», nomeadamente nos hospitais onde se encontram internadas pessoas infetadas com legionella.

«Nos hospitais de Lisboa, que têm cerca de 320 doentes internados por causa do surto de legionella de Vila Franca de Xira, os dados de adesão variam entre os 80 e os 98 por cento em São José», indicou.

Para o sindicato, os enfermeiros estão a dar uma boa resposta a «toda a trapalhada» de tentar desmarcar a greve por parte do Ministério da Saúde.

Os enfermeiros cumprem desde as 00:00 de hoje o primeiro de dois dias de greve nacional em protesto pelos cortes salariais nas horas extraordinárias, exigindo a progressão na carreira e a reposição das 35 horas de trabalho semanais.

Governo declara surto de legionella «emergência de saúde pública» e obriga enfermeiros em greve a trabalhar

O Ministério da Saúde declarou o surto de legionella em Vila Franca de Xira «uma situação de grave emergência de saúde pública» e estabeleceu uma lista de hospitais na região da Grande Lisboa onde os enfermeiros terão de se apresentar ao serviço, apesar da greve nacional marcada para esta sexta-feira e para o próximo dia 21, avançou o “Público”.

Num despacho publicado quinta-feira à noite em Diário da República e assinado pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, a tutela diz respeitar o direito à greve, mas entende que este não se sobrepõe ao «direito à vida e à saúde» das populações face ao surto que no período de uma semana infectou já mais de três centenas de pessoas e provocou sete vítimas mortais.

«Nesta conformidade, não deixando de reiterar que se reconhece o direito à greve, feita uma ponderação» entre este direito «e os direitos fundamentais dos cidadãos que podem ser lesados, em especial o direito à vida e à saúde […], é indispensável que, nos termos legalmente admitidos, se adotem algumas medidas de exceção, cujo fim último se destina a mobilizar os profissionais que possam vir a ser indispensáveis para assegurar a efetiva proteção de saúde relativamente aos utentes que dela venham a carecer», lê-se no despacho agora conhecido.

Os hospitais onde os enfermeiros terão de se apresentar em número e no horário estabelecido antes de a greve ser convocada são todas as grandes unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) na região de Lisboa, mas precisamente as que integram o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (hospitais de S. Francisco Xavier, Egas Moniz e Santa Cruz), o Centro Hospitalar Lisboa Central (São José, Capuchos, Santa Marta e Curry Cabral) e o Centro Hospitalar Lisboa Norte (hospitais de Santa Maria e Pulido Valente).

Também o Hospital de Vila Franca de Xira, por estar no centro do surto e ser o concelho de origem da grande maioria dos doentes, e o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) estão na lista de unidades a que esta «situação de excepção», como a define o ministério, será aplicada.