O presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), Henrique Reguengo, veio confirmar “a falta de condições e de recursos humanos” dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Gaia.
“O que podemos verificar foi que houve agora em abril uma alteração relativamente à farmácia de ambulatório, que tem novas instalações, mas todo o resto dos serviços farmacêuticos necessita de ser alterado”, disse Henrique Reguengo.
Contudo indica ter recebido da parte da administração a informação de que em 2020 a situação será melhorada: “a perspetiva é que em 2020, com a finalização de umas obras que libertarão a área da Urgência, os serviços farmacêuticos transitem do sítio onde estão para essas novas instalações”.
O dirigente do Sindicato Nacional de Farmácia constatou que “há efetivamente muito a fazer, muito a mudar”.
“Não compreendo como é que houve uma inspeção do Infarmed há cerca de quatro anos em que foram identificadas anomalias graves, e durante estes quatro anos não houve qualquer reinspeção ou qualquer reavaliação por parte do Infarmed para ver se efetivamente as condições tinham mudado”, sublinhou.
E acrescentou: “Não são uns serviços farmacêuticos, são um armazém onde as pessoas se movimentam por entre caixas para tentar desempenhar as suas funções. Não há efetivamente condições para que as pessoas que têm de trabalhar em equipa nos serviços farmacêuticos possam desempenhar as suas funções de um modo competente”.
Sobre a segurança dos doentes e se esta está em causa com estas condições, o dirigente sindical referiu que “enquanto as pessoas que trabalham nos serviços farmacêuticos fizerem milagres, isso não acontecerá”.
Contudo aproveitou para acrescentar que “os milagres não acontecem 365 dias por ano, podem acontecer 364 e, nessa altura, toda a gente irá ignorar os 364 dias e lembrar o dia 365 em que efetivamente algo falhou”.
O presidente da SNF disse ainda que o Hospital de Gaia é “um caso extremo, porque além da carência de recursos humanos, as condições físicas são efetivamente gravosas”, mas sublinhou que “este é um problema nacional” pois existe “uma extrema carência de pessoas nos serviços farmacêuticos de todo o país”.
“É isso que é preciso acautelar, não há hoje em dia razões para que haja serviços farmacêuticos neste país a trabalhar nestas condições”, sublinhou.
Henrique Reguengo lembrou ainda que “há um diploma do Governo que está negociado desde março, acabou agora, no dia 20, o prazo de discussão pública, e que é essencial que seja publicado ainda antes do fim desta legislatura. Trata-se do diploma de residência farmacêutica que legisla o modo como os farmacêuticos vão fazer a sua formação de especialidade para depois poderem ser contratados”, acrescentou.
Acrescentou ainda que “neste momento, não há especialistas na área da farmácia hospitalar se os hospitais quiserem contratar”.
“É necessário dar seguimento urgente ao diploma da residência farmacêutica para que ainda em 2020 possamos ter nas instituições farmacêuticos a fazer a sua formação para depois poderem normalmente ser incorporados nas instituições que deles necessitam”, disse.
Lembrar que em junho, a diretora do serviço farmacêutico do Hospital de Gaia, Aida Batista, apresentou a demissão por falta de condições de trabalho e falta de pessoal, com “enorme potencial de ocorrência de acidentes graves” que podem afetar os doentes. Numa carta enviada ao diretor clínico e à administração do Centro Hospitalar, a farmacêutica pediu a sua substituição imediata avisando para a falta de “condições basilares” para exercer o cargo, que chegaram a tomar “proporções assustadoras”.