Sindicato critica contratação de médicos a empresas e perda de qualidade no SNS 505

Sindicato critica contratação de médicos a empresas e perda de qualidade no SNS

01 de Agosto de 2016

O Sindicato Independente dos Médicos criticou ontem o Ministério da Saúde por contratar ortopedistas a empresas com remunerações superiores às do Serviço Nacional de Saúde e «persistir numa solução que diminui a qualidade» dos serviços de urgência, designadamente no Algarve.

«O Ministério da saúde continua a preferir pagar às empresas apesar de todos os dias serem reportados falhas e problemas. A última delas ocorreu no Hospital de Faro, onde estão três ortopedistas contratados por empresas, ocorreram situações clínicas que necessitavam de cirurgia e não se realizaram, alegadamente por não ter sido possível contactá-los», exemplificou a estrutura sindical.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) denunciou que os médicos contratados a empresas são «pagos a 50 euros à hora para não estarem no hospital» e «entram mais tarde quando entram», quando não «saem mais cedo porque têm que entrar noutro sítio logo de seguida», considerando que «a pouca vergonha atingiu o clímax» e «a culpa não pode morrer solteira».

«E recebem a totalidade da urgência e não operam durante a noite, colocando os doentes na enfermaria para depois serem operados em cirurgia adicional», lamentou ainda o sindicato.

A estrutura sindical fez estas críticas e denúncias num comunicado em que exigiu ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar algarvio um «inquérito rigoroso» e resposta sobre «as medidas que vai tomar para evitar a repetição destas gravíssimas situações», defendendo que a «segurança da população e a sanidade mental dos médicos têm de ser defendidas».

«O SIM Algarve exige explicações ao Governo e ao Conselho de Administração sobre esta situação, que, a confirmar-se, é grave tanto pela degradação da qualidade dos serviços como pela utilização inadequada dos parcos meios disponíveis», considerou o sindicato, citado pela “Lusa”.

O sindicato referiu que nos serviços de urgência existe «revolta e desmotivação dos médicos perante a manutenção do corte a 50% na remuneração do trabalho suplementar dos médicos do Serviço Nacional de Saúde».

Frisou ainda que «todos os dias aparecem propostas, de norte a sul do país, de pagamento a empresas três e quatro vezes mais que os médicos mais diferenciados» e, por isso, vê com «desagrado» o Ministério da Saúde a «persistir numa solução que diminui a qualidade e organização dos Serviços de Urgência».