Sindicato culpa Governo pelas «condições deploráveis» das urgências psiquiátricas 05 de setembro de 2014 O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) acusou ontem o Ministério da Saúde de incompetência e impunidade, responsabilizando a tutela pelas «condições deploráveis» das urgências metropolitanas psiquiátricas de Lisboa. Em comunicado enviado às redações, o SMZS diz que as «urgências metropolitanas psiquiátricas de Lisboa vão e vêm» e que são «um símbolo da incompetência e impunidade ministerial», dando conta das várias alterações feitas desde 2012. Em declarações à agência “Lusa”, uma representante do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Guida da Ponte, explicou que, desde setembro de 2013, as urgências psiquiátricas noturnas de toda a zona sul do país são asseguradas pelo Hospital de São José e pelo Hospital de Santa Maria, ambos em Lisboa. «Não há redes de referenciação explícitas e chega ao absurdo de um doente que vem do Algarve passar por todos os hospitais dos país até perceber que a sua drenagem é São José. Imagine os recursos humanos», apontou Guida da Ponte. Segundo a responsável, o Hospital de São José tem atualmente oito camas no serviço de observação das urgências psiquiátricas noturnas para cerca de metade do país, já que é este hospital o responsável pelas urgências noturnas do Alentejo e da área norte de Lisboa, até Tomar. Já o Hospital de Santa Maria «abarca [as urgências psiquiátricas noturnas de] todo o Algarve e a região de Lisboa», refere o comunicado. Mas se, à noite, os doentes são encaminhados para estes dois hospitais em Lisboa, «de manhã os doentes são transferidos para os hospitais da área de residência», o que representa mais custos em transportes, apontou Guida da Ponte. Segundo a responsável, «os médicos são insuficientes para este trabalho todo» e defende que as reformas sejam feitas «de forma pensada». «Se avaliassem concretamente [as necessidades] viam que o número de médicos é insuficiente para desempenhar todo este trabalho, mais tapar as escalas de urgência», sublinhou, acrescentando que nas várias mudanças feitas, o Governo nunca ponderou os gastos ou os inconvenientes para as populações. Nesse sentido, aproveita para pedir que haja um reforço do número de médicos psiquiatras, sustentando que não pode haver «uma urgência aberta sete dias por semana com cinco médicos e que a seguir ainda têm de ir para um hospital central fazer noites» e lembrando que «chega a haver médicos que fazem três bancos por semana para suprir necessidades». No comunicado, o SMZS diz que as «condições deploráveis» em que subsistem as urgências metropolitanas psiquiátricas de Lisboa servem apenas para haver «gastos excessivos» e «desnecessários» no transporte dos doentes, cuidados inadequados, desgaste dos médicos e uso indiscriminado de médicos internos para «suprir as necessidades permanentes». Para o SMZS, a situação as urgências psiquiátricas é mais um exemplo da política do atual Governo «para descredibilizar os serviços públicos de saúde, desorganizar e restringir o acesso à prestação de cuidados e conduzir à destruição do Serviço Nacional de Saúde». Contactado pela “Lusa”, o Ministério da Saúde não quis, para já, prestar declarações. |