Sindicato dos Enfermeiros diz que funcionamento dos centros de saúde está em risco
21 de julho de 2014
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) avisa que o funcionamento dos centros de saúde «está em risco» e ameaça marcar novas greves parcelares, além das já realizadas, caso o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, persista em não agendar a reunião que lhe foi pedida «há três meses».
«A grave carência de enfermeiros em todas a instituições de saúde e, particularmente, nos centros de saúde está a colocar em causa a [sua] organização e funcionamento», justifica a Direcção Nacional do SEP, em comunicado esta sexta-feira divulgado. «Os centros de saúde, pela sua complexidade geográfica, características das populações a quem têm que dar respostas, dimensão, proximidade e missão têm, obrigatoriamente, que estar no topo das prioridades do Governo. Apesar de ser esse o discurso oficial, a realidade demonstra o contrário», critica o sindicato.
Em declarações ao “Público”, Guadalupe Simões, do SEP, defende mesmo que vários programas de saúde e de prevenção «estão a ser postos em causa» devido à falta de profissionais e estima que, para dar resposta cabal às actuais necessidades, seriam preciso recrutar cerca de seis mil enfermeiros para os centros de saúde. Nos hospitais, as necessidades são ainda maiores, calcula, defendendo que faltarão 15 mil enfermeiros.
Sem resposta ao pedido endereçado há três meses para uma reunião, com o secretário de Estado Adjunto da Saúde, a Direcção do SEP lamenta o «autismo» do governante e ameaça avançar com novas formas de luta. Depois da greve nos centros de saúde Arnaldo Sampaio, em Leiria, está já marcada uma nova paralisação, para os próximos dias 22 e 23, nos centros de saúde da Marinha Grande e outras «se seguirão», avisa.
A carência de enfermeiros tem-se agravado nos últimos tempos, com a saída de muitos profissionais para a reforma ou para o estrangeiro, afirma Guadalupe Simões. «Face ao grau de exaustão que os profissionais estão a atingir, as formas de luta podem vir a generalizar-se», diz a dirigente sindical que considera que as admissões que têm sido anunciadas representam «apenas uma gota no oceano das necessidades».