O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) admitiu hoje novas formas de luta em janeiro se, até lá, o Governo não se comprometer por escrito a garantir a progressão na carreira.
Em conferência de imprensa à porta do hospital de Santa Maria, em Lisboa, a dirigente sindical Isabel Barbosa disse aos jornalistas que as formas de luta serão «decididas pelos enfermeiros».
Caso avance para uma greve, o SEP conta com a responsabilidade dos enfermeiros no cumprimento dos serviços mínimos, afirmou.
Isabel Barbosa indicou que os pontos acumulados ao longo dos anos pelos enfermeiros em função das suas avaliações não estão a traduzir-se em progressão na carreira e aumento de vencimento.
Em alguns casos, os enfermeiros têm a haver «até 400 euros» de diferença entre o que deveriam ganhar e o que recebem. Há enfermeiros com 20 anos de carreira a ganhar o mesmo que um colega acabado de sair da escola, salientou a sindicalista.
O sindicato encontrou junto da administração do Santa Maria abertura para «a atribuição justa dos pontos» mas para poder avançar é preciso» o aval do ministério da Saúde.
Questionada insistentemente sobre como o sindicato encara a greve cirúrgica que tem marcado as últimas semanas no Serviço Nacional de Saúde, recusou-se a dar qualquer opinião.
«O que nos traz hoje aqui é a justa contagem dos pontos para progressão nas carreiras», repetiu em resposta a todas as perguntas sobre o efeito de o SEP estar de fora da greve às cirurgias em cinco hospitais públicos e se admitiriam associar-se-lhe.
A chamada «greve cirúrgica» foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) e afeta desde novembro os blocos operatórios de cinco dos maiores hospitais públicos do país.
A greve já levou ao cancelamento de cerca de cinco mil cirurgias programadas no Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal, cita a agência “Lusa”.