Sindicato Médico espera proposta salarial “muito melhorada” 96

O (SIM) volta hoje (dia 09) a reunir-se com a ministra da Saúde, em mais uma ronda negocial em que espera que seja apresentada uma proposta salarial “muito melhorada” relativamente à apresentada na última reunião.

Após o sindicato ter recusado a proposta de aumento salarial de 5%, por estar longe dos 15% reivindicados, “o Governo percebeu bem quais são os motivos e o que está em causa” e “estará em condições de apresentar uma proposta muito melhorada”, disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues.

“É a nossa expectativa porque claramente a proposta [apresentada na quinta-feira] era insuficiente relativamente às nossas reivindicações”, referiu.

O líder sindical explicou que o SIM não está a pedir “aumentos pontuais”, mas um valor estruturado que mostre ao longo dos próximos anos que há um investimento contínuo na valorização dos médicos.

“É dizer ao Governo claramente que não queremos sobrecarregar em excesso o orçamento de 2025, mas queremos que realmente seja um valor adequado e que motive os médicos a ficar no SNS e que percebam que nos próximos anos vão ser continuamente valorizados”, declarou.

O SIM sublinha que a valorização salarial é apenas uma das componentes necessárias para um acordo global, sendo igualmente essencial melhorar as condições de trabalho, implementar um sistema de avaliação de desempenho e da organização do trabalho médico.

“Há ganhos possíveis noutras áreas que não são remuneratórias e que são muito importantes para os médicos e, portanto, o Governo tem de fazer uma proposta equilibrada que vá ao encontro das expectativas e das necessidades atuais do país e do SNS”, vincou Nuno Rodrigues.

Questionado se acredita ser possível que o protocolo negocial esteja concluído até ao final do ano como previsto, o sindicalista afirmou que sim, “desde que o Governo compreenda a urgência da situação”.

Assinalou, a este propósito, que perto de 25% dos jovens médicos recusaram escolher vagas para a especialidade, totalizando 307 vagas que ficaram por ocupar.

“É necessário haver uma mudança de mentalidade neste momento de que o investimento agora se vai traduzir em poupanças”, disse, defendendo que os utentes terem médico de família, serem melhor acompanhados, haver uma maior aposta na prevenção, “poupa imenso dinheiro ao Estado”.

Mas para os médicos ficarem no SNS é preciso dar-lhes condições: “Se isso não acontece, obviamente, que os médicos, que são pessoas ambiciosas, mas muito trabalhadoras, vão tentar ir para outros sítios onde realmente se sintam valorizados. E é esta mudança que é preciso acontecer”.

No final de 2023, o SIM chegou a um acordo intercalar com o anterior Governo para um aumento de 15% dos salários dos médicos para este ano, esperando que agora sejam cumpridos os restantes 15%.

“Havendo consenso político sobre a necessidade de valorização dos médicos, bem como o apoio da população na exigência de cuidados de saúde mais céleres e acessíveis, o SIM acredita que existem as condições para se alcançar um acordo robusto e que permita a recuperação do SNS”, acrescentou.