Sindicatos da saúde vão propor greve no Algarve contra falta de recursos na região
05 de agosto de 2014
O coordenador regional do Algarve do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Nuno Manjua, disse ontem que vai ser proposta uma greve, em plenários nos hospitais de Faro, Lagos e Portimão, contra a falta de recursos humanos e materiais.
Em conferência de imprensa conjunta com o Sindicato da Função Pública do Sul e Açores, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul e a União dos Sindicatos do Algarve, Nuno Manjua afirmou, em Faro, não compreender «o cinismo» de um anúncio por parte do Governo para o recrutamento de 100 médicos para a região, uma vez que são vagas que se sabe «à partida que não vão ficar preenchidas», enquanto as restantes profissões aguardam desenvolvimentos.
«E o resto? Não abriram concurso porque sabem perfeitamente que vão ficar preenchidos e se calhar não lhes interessa», acusou o sindicalista, que salientou que a proposta de greve na região vai ser levada a discussão pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e pelo Sindicato da Função Pública do Sul e Açores nos plenários que se vão realizar, na sexta-feira, no Hospital de Faro e, na próxima segunda-feira, em Lagos e Portimão.
Da parte do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, Margarida Agostinho referiu que a região tem problemas «crónicos» de manutenção de quadros, pelo que o Ministério da Saúde devia criar medidas para evitar a saída de médicos e enfermeiros, da região e do país.
«Esta reorganização de serviços [no Centro Hospitalar do Algarve] tem sido extremamente conflituosa e não é nada atrativo vir para aqui trabalhar. As pessoas são contratadas com contratos com muitos problemas», afirmou Margarida Agostinho.
Já Maria Brites, do Sindicato da Função Pública do Sul e Açores, disse temer que a situação de deterioração dos serviços de saúde na região «se venha a agravar porque há mais de uma centena de trabalhadores contratados nos cuidados de saúde primários cujo contrato vai terminar no dia 31 de dezembro».
Num comunicado distribuído durante a conferência de imprensa, as estruturas sindicais frisaram que «continuam e continuarão a faltar materiais e medicamentos» devido à «burocracia associada aos concursos de aquisição» e à «imposição do Ministério da Saúde de comprar 15% abaixo da última aquisição», citou a “Lusa”.
Os sindicatos recordaram que há perto de 150 mil algarvios sem médico de família, que se têm verificado atrasos nas ecografias obrigatórias para grávidas por falta de médicos, além de uma resposta «praticamente inexistente» ao nível da psiquiatria para adolescentes, entre muitas outras problemáticas ligadas à falta de meios humanos e materiais.
Os representantes dos trabalhadores alertaram ainda para o facto de a metadona da Divisão de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (DICAD) estar «em risco» e referiram que a Unidade de Desabituação do Algarve está em «rutura iminente».