SNS: Tratamento para o cancro aumenta 15% em cinco anos 699

 


02 de julho de 2018

O acesso a tratamentos oncológicos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde está a aumentar, havendo mais tratamentos e mais medicamentos inovadores aprovados (5 em 2015, 13 em 2016 e 18 em 2017). No ano passado foram dispensadas 21,5 milhões de unidades (comprimidos, injetáveis, etc), mais 15% do que em 2013, de acordo com dados do relatório de monitorização do consumo de medicamentos em meio hospitalar, relativo a 2017, que foi publicado no site do INFARMED.

Os tratamentos para o cancro representam atualmente um quinto do total da despesa dos hospitais. Em 2017 ascendeu a 284 milhões de euros, mais 13,7% do que no período homólogo, embora esta subida seja consistente nos últimos anos.

O maior acesso a moléculas inovadoras é um dos motivos deste crescimento. Nos últimos dois anos surgiram opções terapêuticas inovadoras com benefício adicional evidente, particularmente em doentes com cancro do pulmão e melanoma.

Algumas terapêuticas clássicas (citotóxicos) têm perdido expressão, mas os imunomoduladores e as hormonas e anti-hormonas têm crescido mais de 20% ao ano, embora existam biossimilares como o trastuzumab que podem contribuir para o controlo da despesa.

Segundo o relatório, a despesa global com medicamentos alcançou 1.141 milhões de euros em 2017, o que significa que aumentou 59 milhões de euros (+5,5%). Além da oncologia há outras áreas relevantes que têm beneficiado da inovação, como a artrite reumatoide e a psoríase, com custos de 120 milhões de euros.

Pela primeira vez, a área terapêutica da Infeção VIH/sida teve uma redução da despesa, que totalizou 12,3 milhões de euros num ano (-5,4%), para 215 milhões, embora se mantenha como a segunda área com mais peso para os orçamentos dos hospitais.

Muitas doenças raras para as quais não havia tratamento têm neste momento acesso a medicamentos inovadores, o que contribuiu para a despesa, que subiu 23% para 102 milhões de euros.

A taxa global de utilização de biossimilares está, atualmente, acima de 40% no universo de medicamentos que já dispõem de biossimilar. Para este aumento tem contribuído a utilização dos biossimilares mais recentes, infliximab e etanercept (doenças autoimunes) e rituximab (oncologia).

No caso do infliximab, houve uma subida de quase 20 pontos percentuais num ano, tendo-se alcançado uma quota de 61,6% entre janeiro e abril, face ao período homólogo.

A utilização de biossimilares, a negociação com as empresas farmacêuticas com vista à redução dos preços dos medicamentos e um maior planeamento a longo prazo da entrada de novas moléculas – através de projetos como o horizon scanning, são algumas das medidas em curso para o controlo da despesa.

Os antibióticos (antibacterianos) estão a ser menos utilizados, sendo atualmente a oitava classe terapêutica mais utilizada, num ranking em que se destacam os antivíricos ou os medicamentos para a hipertensão. No ano passado, houve uma redução de 3,7% no número de unidades utilizadas nos hospitais (cerca de dez milhões).

As campanhas e as medidas em torno de uma prescrição e utilização mais racional destes medicamentos, com o envolvimento dos profissionais de saúde, têm contribuídos para estes indicadores positivos.