A ZERO teve acesso a dados disponibilizados pela indústria farmacêutica à VALORMED e constatou que «cerca de 304 milhões de unidades de embalagens de venda» foram colocadas no mercado português em 2017. Este volume corresponde a «um potencial de resíduos (embalagens e medicamentos) de 5895 toneladas». No entanto, os consumidores «apenas entregaram 975 toneladas nas farmácias».
Registou-se um aumento de 8%, face a 2016, nos resíduos recolhidos, no entanto, «a maior parte dos portugueses não está a encaminhar corretamente» os resíduos das embalagens e restos de medicamentos adquiridos, observa a ZERO, admitindo que pode estar a ocorrer «uma alarmante deposição de restos de medicamentos nas redes de drenagem das águas residuais».
A organização ambientalista que «estima que cerca de 300 toneladas de medicamentos que sobram após a sua utilização doméstica, 44% do total de resíduos de medicamentos fora de uso gerados, não retornam aos pontos de recolha».
No âmbito do projeto Biopharma, um estudo realizado pela Universidade de Lisboa, foi confirmado a presença de resíduos de antibióticos, de anti-hipertensivos e anti-inflamatórios em mais de 90% das amostras de água recolhidas no estuário do Tejo. É provável que «uma parte» das substâncias farmacológicas esteja «a ser introduzida em meio natural», com maior incidência no meio hídrico, para onde estarão a ser encaminhados através das águas residuais domésticas (rede de esgotos), os restos de medicamentos não utilizados.
Para a ZERO «chegou o momento de se repensar o modelo» do Sistema de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, alegando que se encontra «excessivamente dependente da colaboração dos cidadãos».
Citado no jornal “Público”, a associação avança em alternativa um conjunto de propostas: a «avaliação de uma tara retornável» aplicada às embalagens; a «criação de uma campanha em 2019», com um incentivo monetário para que os medicamentos fora de prazo sejam entregues nos pontos de recolha; o «alargamento imediato» dos pontos de recolha às cerca de 1250 parafarmácias existentes em Portugal, e a instalação de «novos pontos de recolha» em instituições locais da economia social.