No passado dia 21 de fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou um documento sobre as principais causas de morte em Portugal no ano de 2018, estando entre elas as doenças do aparelho circulatório. Nesse sentido, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) procedeu à leitura do documento, comparou os números com os do ano anterior e divulga agora as suas conclusões e comentários.
“Numa primeira análise, constata-se que ocorreram mais óbitos (+3.7%), no entanto, os mesmo ocorreram mais tarde: a idade média do óbito foi de 78,5 anos, mais elevada que no ano anterior (78,2 anos). É certo que as doenças do aparelho circulatório continuam a dominar as causas de morte, registando-se um aumento global de 1,7% valor que corresponde a 29% de todas as causas de morte (número absoluto de mortes por doença do aparelho circulatório: 32936)”, afirma Victor Gil, presidente da SPC.
A taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório (referente aos residentes no continente e ilhas) foi de 318,3 por 100.000 habitantes (valor mais elevado desde 2008, ainda que com uma diminuição da proporção em relação ao total de mortes – 32,3% em 2008), mas com diminuição da mortalidade prematura (antes dos 70 anos) de que resulta uma diminuição 11,2 para 10,3 do número de anos potenciais de vida perdidos. Na última década, verifica-se uma estagnação nas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares, contudo com alguma tendência para subida lenta desde 2013.
“Relativamente à situação clínica individualizada, o AVC é a primeira causa de morte em Portugal (9,9% do total de mortes, com taxa bruta de mortalidade de 108,8 por 100.000 habitantes), no entanto, importa ressalvar que tem sido registada uma redução gradual na última década (em 2008: 13,9%), acrescenta Victor Gil.
A análise aos dados do Enfarte do Miocárdio, conclui que esta entidade clínica correspondia em 2008 a 5% de todas as mortes. Esta percentagem baixou até 2015, mantendo-se em patamar desde aí (4.1%). O número de óbitos por Enfarte do Miocárdio (4620) aumentou em 2018 + 1.7% em relação ao ano anterior, mas com ligeira diminuição do número absoluto de mortes antes dos 65 anos (854 em 2017 para 822 em 2018). A mortalidade por enfarte do miocárdio continua a atingir preferencialmente os homens, sendo a idade média do óbito nas mulheres 7.8 anos mais tarde que nos homens (81.4 anos nas mulheres e 73,6 anos para os homens).
“A chamada doença isquémica do coração, provocou 6,4% do total da mortalidade. Esta entidade é, todavia, de mais difícil análise pois deve incluir situações heterogéneas incluindo insuficiência cardíaca que, como entidade, não tem até agora, representação estatística”, afirma Victor Gil.
O Presidente da SPC acrescenta ainda que, “os dados agora apresentados estão em linha com outras análises nomeadamente a recentemente efetuada pela SPC com base no ATLAS 2 onde foram comparados os números portugueses com países europeus e na vizinhança da Europa. Nessa análise foi sublinhada a elevada mortalidade por AVC e a relativamente baixa mortalidade por doença coronária, em relação aos países comparadores”.
“A mortalidade cardiovascular continua a dominar as causas de morte em Portugal e dentro dela é o AVC a primeira causa de morte. A mortalidade por Enfarte do Miocárdio mantém-se em patamar”, conclui.