Sociedade Portuguesa de Diabetologia recomenda tratamento de risco cardiovascular na diabetes tipo 2 1344

A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) atualizou as Recomendações Nacionais para o tratamento da hiperglicemia na Diabetes tipo 2, à luz de estudos que reportam ao benefício de recorrer a fármacos com elevada segurança cardiovascular.  Aconselha-se que, no tratamento, se olhe além da hiperglicemia e tendo em conta os problemas ou riscos cardiovasculares ou renais.

Este documento foi redigido por profissionais de saúde do Grupo de Trabalho para as Recomendações Nacionais da SPD sobre a Terapêutica da Diabetes Tipo 2, tal como o comunicado da própria Sociedade Portuguesa de Diabetologia. Nele consta que os objetivos metabólicos e a estratégia terapêutica devem ser adequados às especificidades do doente: idade, tempo conhecido de duração da doença, existência ou não de complicações (cardiovasculares, risco de hipoglicemias).

A Recomendação supõe assim a introdução de um algoritmo diferente para os pacientes com doença cardiovascular estabelecida ou de elevado risco ou com doença renal crónica prévia (estádio 3) e em que as opções preferenciais incluem os fármacos com estudos que tenham revelado benefícios cardio-renais, incluindo a redução de eventos cardiovasculares major, um impacto positivo na mortalidade cardiovascular ou ainda na progressão da doença renal crónica.

Rui Duarte, presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, explica: «Se temos fármacos que tratam a diabetes tipo 2 ao mesmo tempo que reduzem o risco cardiovascular e consequente mortalidade, desaceleram a evolução da doença renal crónica, ou favorecem a perda de peso e isso é comprovado pelos estudos, devemos recorrer a eles para tratar a pessoa com diabetes de forma mais individualizada, promovendo a sua saúde geral».

Como se pode ler no comunicado, na decisão clínica da terapêutica medicamentosa deve ser tida em conta, além dos parâmetros habituais, a presença de doença cardiovascular ou doença renal crónica em idosos em situação frágil, pessoas em que a ocorrência de hipoglicemias seja potencialmente mais gravosa e obesos. Face às especificidades inerentes ao tratamento da hiperglicemia nestas populações, estas Recomendações incluem menções específicas a novas classes terapêuticas como os agonistas dos recetores GLP-1, os inibidores do SGLT2 ou os inibidores da Dipeptidil Peptidase 4.

Os agonistas dos recetores GLP-1 demonstraram segurança cardiovascular e benefícios cardio-renais. Os inibidores do SGLT2 demonstraram benefícios cardio-renais na população com Diabetes Mellitus tipo 2 e elevado risco cardiovascular; com Doença Cardiovascular Aterosclerótica (DCA). Os inibidores da Dipeptidil Peptidase 4 demonstraram ser seguros do ponto de vista cardiovascular, mas não apresentaram benefícios na morbilidade e mortalidade cardiovascular.

A posição da Associação Americana de Diabetes (ADA) e da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD) que a SPD adotou, reforça, no entanto, a necessidade de intensificar a terapêutica, de 3 em 3 ou de 6 em 6 de meses de modo a evitar a inércia terapêutica, caso os objetivos metabólicos individualizados não sejam alcançados.

De acordo com dados do Observatório Nacional da Diabetes (OND), a diabetes é uma das principais causas de morte em Portugal.