No dia em que se assinala o Cancro Digestivo, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia e a Europacolon Portugal – Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo, alertam impacto dos atrasos no diagnóstico e tratamento do cancro digestivo em Portugal, causado pela pandemia.
Desde março é registada a uma redução acentuada do número de exames de rastreio e diagnóstico realizados em Portugal. Ambas instituições apelam, por um lado, a uma atitude consciente dos cidadãos, na procura do rastreio ao garantir total segurança na realização dos exames necessários; por outro lado recomendam uma estratégia consertada com as várias entidades envolvidas para, em conjunto, retomar e continuar com a prevenção destas doenças.
O cancro digestivo abrange um conjunto de vários tumores malignos que podem atingir cinco órgãos do aparelho digestivo: esófago, estômago, pâncreas, fígado, cólon e reto. Estes cancros são responsáveis pelo aparecimento de quase 1500 novos casos por mês, um terço de todos os cancros dos portugueses.
No caso do cancro do cólon e reto, o mais frequente do aparelho digestivo, o rastreio deve ser realizado por colonoscopia, sendo este um exame que permite, ao mesmo tempo, a visualização direta e total do intestino permitindo, no mesmo exame o diagnóstico e tratamento definitivo de algumas lesões que antecedem o cancro. Um terço dos novos casos de cancro diagnosticados, todos os anos, podem ser prevenidos e outro terço curado, se forem detetados e tratados numa fase precoce. O rastreio deve iniciar-se aos 50 anos. Anualmente estima-se que surjam, de novo, cerca de 10.000 portugueses com este cancro.
O presidente da SPG, Rui Tato Marinho, defende a necessidade de “uma atitude preventiva dos cidadãos” e sublinha que “a deteção precoce destas patologias é essencial. O médico gastrenterologista tem um papel fundamental no diagnóstico precoce e tratamento do cancro digestivo com a realização de exames, como a colonoscopia” e acrescenta ainda que, “apesar dos tempos difíceis que vivemos, o cancro digestivo não pode ser esquecido. As pessoas podem confiar nas instituições de saúde que estão preparadas para recebê-las, de forma segura. Devemos reunir esforços com uma estratégia conjunta e determinada”.
Para Vitor Neves, Presidente da Europacolon Portugal – Associação de Apoio ao Doente com o Cancro Digestivo, “é urgente a retoma do acompanhamento dos doentes não COVID-19, a abertura dos centros de saúde onde, após a análise de sintomas, se referenciam os doentes para as consultas de especialidade e também a implementação imediata do rastreio de base populacional do cancro do intestino no nosso país”.
Neste dia Nacional do Cancro Digestivo importa recordar que estilos de vida saudáveis ajudam a prevenir o cancro digestivo: a prática de exercício físico, alimentação saudável, manutenção de peso adequado e evitar excesso de consumo de álcool e não fumar.